No endereço da secretaria, há uma escola municipal abandonada - Daniel Castelo Branco
No endereço da secretaria, há uma escola municipal abandonadaDaniel Castelo Branco
Por CÁSSIO BRUNO

Rio - O Ministério Público decidiu ontem abrir inquérito para investigar a criação da Secretaria de Proteção aos Animais de Belford Roxo e as nomeações de aliados políticos feitas pelo prefeito Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho (MDB). Como revelou O DIA na terça-feira, a secretaria é fantasma e nunca funcionou na prática.

O caso está na 3ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Duque de Caxias. Para comandar a pasta que não existe, Waguinho nomeou o vereador Antônio Rubem Medeiros Júnior, o Tuninho Medeiros, eleito pelo PDT, em 2016.

Recentemente, o próprio Ministério Público tentou notificar a Secretaria de Proteção aos Animais por causa de um resgate de animais silvestres no município. Porém, os promotores descobriram que a pasta está apenas no papel mesmo após Tuninho Medeiros e outros funcionários serem nomeados e estarem recebendo salários.

Só em julho, o prefeito nomeou 620 pessoas para cargos comissionados e de confiança. Vinte delas apenas em seu gabinete. Na lista, está o pastor Jonas Mendonça Sales, da Primeira Igreja Batista em Santa Amélia, que nunca foi visto no local de trabalho, segundo informaram servidores ao DIA na sexta-feira passada.

A Secretaria de Proteção aos Animais é uma das 38 criadas por Waguinho. O secretariado inclui vereadores, suplentes, ex-vereadores e até a irmã do prefeito, Fabiane dos Santos, que ocupa a Secretaria da Mulher.

Na reportagem, O DIA mostrou que, no lugar onde deveria funcionar a Secretaria de Proteção aos Animais, há, na verdade, um prédio em ruínas de uma antiga escola municipal.

Prefeitura sem transparência 

 

O DIA pediu ontem para entrevistar o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, e o secretário de Proteção aos Animais, Tuninho Medeiros. Mas, até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa da prefeitura não deu retorno e também não enviou nota com um posicionamento sobre o caso.

Desde a última segunda-feira, O DIA tenta ter acesso a informações públicas sobre as nomeações. Como, por exemplo, saber quantos funcionários (comissionados e concursados) trabalham em cada uma das 38 secretarias de Belford Roxo, além dos gastos com a folha de pagamento. Os dados, que deveriam estar disponíveis para consulta no site da prefeitura, como determina a Lei da Transparência, estão ocultos.

No ano passado, o prefeito Waguinho decretou estado de calamidade financeira no município, de 459,7 mil habitantes. Apesar da crise e da falta de infraestrutura na cidade, ele fez centenas de nomeações. E também mandou demolir e, depois, reconstruir o pórtico na entrada de Belford Roxo pela Via Dutra.

 

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