Rio - É na zona da Leopoldina, região histórica da zona Norte do Rio de Janeiro, que a equipe do DIA estacionou para ouvir moradores e suas insatisfações. Em Olaria, alagamentos, falta de lazer e problemas na Clínica da Família fazem parte da rotina do bairro, segundo a população.
Com alguns minutos de chuva, a Travessa Etelvina vira um rio. Segundo moradores, a água passa do joelho. O estoquista Rafael Chagas, 26 anos, contou que a loja de forro de PVC onde ele trabalha sempre alaga."Já perdemos muita coisa porque a água invade a loja. Tivemos que vender a mercadoria pelo preço de custo". Por causa dos prejuízos, a loja vai mudar de endereço. "Não dá para ficar aqui. A rua fica inundada quando chove", reclamou o autônomo Moises de Souza, 40 anos, que costuma comprar material na loja.
Chegar em casa em dias de chuva é complicado. A estação de trem de Olaria fica fechada, devido ao acesso subterrâneo que constantemente fica alagado. "A gente tem que descer em Ramos e caminhar. Isso já é normal para nós", conta Douglas Souza, 36 anos.
Ilhados
O canal que tem na Avenida Darcy Bitencourt Costa transborda quando chove. "A gente não pode sair de casa. Moro aqui há mais de 40 anos e sempre foi assim", lamenta Amilton de Souza, 51 anos.
Na área da Saúde, também há problemas. O aposentado Fernando Fonseca, 71 anos, não conseguiu marcar uma consulta na Clínica da Família Klebel de Oliveira Rocha. O motivo? Atendimento suspenso por falta de pagamento. "Me disseram que o clínico geral não ia atender até que os salários fossem pagos. Agora, vou voltar para casa e esperar".
Já Wilson de Souza, 68 anos, não pega todos os remédios que precisa porque estão em falta. Ele sofre com problemas de pressão e diabetes. "Não me deram a insulina e nem o remédio para a pressão que eu não posso ficar sem tomar. Vou ter que procurar em outros postos de saúde para ver se eu encontro. É sempre assim. Isso é um absurdo".
Sem lazer
Para Gabriel de Souza, 22 anos, o que falta em Olaria é lazer. A quadra do bairro que ficava na Praça Clomir Teles Cerbino foi derrubada para a construção da Clínica da Família. Apesar disso, ainda há espaço para a construção de uma nova quadra. O local está abandonado. "Acabaram com a quadra e retiraram os quiosques que tinha. Agora, estamos sem nenhuma diversão", lamentou.
O professor de história Roberto Lima, 72 anos, resume: "Falta iluminação, lazer e conservação nos bairros mais afastados do Centro".
Resposta das autoridades
Sobre a falta de iluminação, a Rioluz disse que enviará equipe técnica ao local para avaliar e realizar reparos, se necessário. A Fundação Parques e Jardins afirmou que fará uma vistoria hoje, para verificar a viabilidade da construção de uma nova quadra. A SuperVia informou que o acesso subterrâneo é suscetível a alagamentos. E sempre que o problema ocorre, técnicos vão ao local para drenar a água e os passageiros são avisados por meio do sistema de áudio dos trens.
A Secretaria de Fazenda informou que, para a volta dos quiosques, é necessário um pedido formal de quem deseja instalar um estabelecimento e aguardar a liberação do alvará. Já sobre os problemas na Clínica da Família, a Secretaria de Saúde negou a falta de insulina e de atendimento. Porém, admitiu a falta pontual do medicamento que Wilson toma para a pressão, mas que receberá um lote ainda hoje.