Rio - O dono da empresa de pedalinhos da Lagoa Rodrigo de Freitas foi morto a tiros durante um assalto, enquanto deixava o local, na Zonal Sul, na madrugada desta segunda-feira. Hugo Ernesto Klein, de 71 anos, foi atingido por um tiro no pescoço, por volta de 1h30. Na fuga, o atirador deu pelo menos nove tiros para dispersar quem estava no local e atingiu um carro de uma mulher, que é filha do concorrente de Klein no comércio de pedalinhos. Os pedalinhos têm sido bastante procurados para passeio nesta época, por conta da Árvore da Lagoa, e a região estava cheia, inclusive com crianças.
Segundo informações do 23º BPM (Leblon), Hugo foi abordado por dois homens em uma moto na Avenida Epitácio Pessoa, na altura do píer da Lagoa. A vítima morreu ainda no local e o atirador subiu na garupa do comparsa a poucos metros dali, fugindo pela Avenida Borges de Medeiros, em direção ao Botafogo. Ainda de acordo com o batalhão, os assaltantes fugiram levando o dinheiro do caixa do pedalinho.
Hugo Ernesto Klein era gaúcho e estava no Rio desde os 20 anos. Ele era sócio do Pedalinho Klein, na Lagoa Rodrigo de Freitas, junto com o irmão Hari Klein. Ela morava em Ipanema e deixa esposa e filho, Hugo Klein Filho, de 41 anos, que está no Instituto Médico Legal e reconheceu o corpo do pai e prestou depoimento à Delegacia de Homicídios da Capital (DH-Capital) no local.
"Antigamente as pessoas eram assaltadas e eles levavam apenas o dinheiro, hoje eles levam a vida. Na Zona Sul, atualmente, muita gente não anda com dinheiro. As pessoas andam apenas com o cartão e as que andam com dinheiro, andam com pouco — para comprar uma pipoca ou uma água", disse Hari, irmão da vítima, que lamentou a brutalidade do crime, já que o irmão não reagiu.
"Eles mataram o meu irmão. Essa é uma imagem ruim que fica para o Rio. O meu irmão não reagiu. Tinha muita criança e muita gente, pois a árvore ainda estava acesa. Há 50 anos trabalhamos na Lagoa e isso nunca aconteceu. Eu vim pra cá com 20 anos e o meu irmão veio com 10 anos de idade. A imagem do Rio fica suja lá fora. Foi uma brutalidade o que fizeram. O meu irmão não merecia", disse.
Único filho do empresário, Hugo Klein Júnior veio direto de Santa catarina, onde mora coma família para reconhecer e liberar o corpo do pai. No Instituto Médico Legal, disse que a vida do pai foi no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas. "O primeiro beijo do meu pai e da minha mãe foi ao lado dos pedalinhos. O começo do relacionamento deles foi lá. Agora, estou no IML para reconhecer o corpo do meu pai. Ele estava no local de trabalho, trabalhando. Agora, isso", contou emocionado o filho do empresário. "Eu só peço que a justiça seja feita. A sociedade precisa de uma respostas, pois não podemos continuar vivendo assim", completou o homem.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DH-Capital), que investigará o caso, realizou a perícia, que foi concluída por volta das 7h. No local foram recolhidos 12 estojos de munição calibre ponto 40, um projetil deformado, dois fragmentos de chumbo e um fragmento de cobre. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) do Centro, de onde foi liberado às 14h30. O velório será realizado a partir das 20h na Igreja Mórmon de Copacabana e o enterro será nesta terça-feira no Cemitério São João Batista, ainda sem horário definido. O caso foi registrado inicialmente na 15ª DP (Gávea).
Segundo a DH-Capital, na fuga o atirador teria se deparado com Paulo Vilas Boas, que é concorrente de Klein, e este estaria com um pedaço de madeira e ameaçou o criminoso, que fez diversos disparos na sua direção, mas não o acertou. Entretanto, o carro da filha de Paulo foi atingido por vários tiros, mas ninguém ficou ferido. Segundo a polícia, Vilas Boas teve desentendimentos por conta do comércio de pedalinhos e já o teria ameaçado de morte, e há alguns dias, Hugo fez um boletim de ocorrência contra ele por agressão.
O filho de Hugo confirmou que o pai já havia registrado alguns boletins de ocorrência contra alguns empresários vizinhos do pedalinho há algum tempo por ameaças. "Ele fez há algum tempo. No entanto, não quero falar sobre isso. Não sei se foi latrocínio ou assassinato. Espero e confio na justiça", lembrou o homem.
O DIA teve acesso ao depoimento de uma das vítimas que presenciou o crime. Aos investigadores da DH, ele contou que estava atendendo o que seria o último cliente quando chegou um homem e anunciou o assalto, mandou que todos levantassem a camisa e perguntou se Hugo duvidava que o mesmo seria capaz de dar um tiro. Segundo a testemunha, em seguida o suspeito disparou contra Hugo e fugiu. Ainda segundo relatou, instantes após a morte do empresário ele ouviu novos disparos sem saber dizer o que teria ocorrido na sequência.
Um amigo de longa data de Hugo e de sua família lamentou a morte do empresário. "Somos amigos há mais de 40 anos. O Hugo era um cara família, irmão dele também é muito trabalhador. Eles (Hugo e o irmão Harri) eram remadores e ganharam a concessão para trabalhar com os pedalinhos na Lagoa. É uma perda muito grande. Mais uma perda para o Rio de Janeiro dessa violência sem explicação. Foi uma covardia. Acabaram com uma família. Ele deixa esposa, filho e netos. É muito revoltante. A atual situação do Rio é essa”, disse.
Uma outra amiga de Hugo lamentou a trágica morte, dizendo que esteve neste ensolarado domingo com o proprietário de pedalinhos e que ele estava muito feliz com o movimento. "Ele me deu bom dia, estava muito feliz, o dia foi muito bonito, tinha muita gente na Lagoa. A violência na Lagoa está grande, mesmo com o Lagoa Presente. É assustador que isso aconteça num dia está com tanto movimento", falou Tânia Marques.
O Disque Denúncia divulgou um cartaz pedindo informações sobre os assassinos. Quem souber de qualquer informação a respeito da identificação e localização dos suspeitos pode denunciar pelos seguintes canais: Whatsapp ou Telegram Portal dos Procurados (21) 98849-6099; pelo facebook/(inbox), endereço: https://www.facebook.com/procurados.org/, pelo mesa de atendimento do Disque-Denúncia (21) 2253-1177. O Anonimato é garantido.