Amigos e familiares participam de cortejo de despedida a Valdecir de Jesus, no Cemitério do Catumbi - Severino Silva/Agencia O Dia
Amigos e familiares participam de cortejo de despedida a Valdecir de Jesus, no Cemitério do CatumbiSeverino Silva/Agencia O Dia
Por Lucas Cardoso

Rio - Familiares e amigos deram, na tarde deste sábado, o último adeus a Valdecir de Jesus, de 62 anos, no Cemitério São Francisco de Paula, no Catumbi. O estivador foi morto após ser baleado na porta da 5ª DP (Gomes Freire), na manhã de sexta-feira, quando chegava para registrar o extravio de um documento.

"Meu pai trabalhou a vida toda honestamente, nunca fez nada de errado. Sempre nos ensinou o correto e morreu como se fosse um bandido", disse Vladimir Teixeira de Jesus, um dos quatro filhos da vítima.

Vladimir não acredita que houve erro por parte dos policiais, mas espera que toda a ação seja esclarecida. O pai foi morto após um preso pegar a arma de um policial e fazer disparos a esmo. Policiais civis reagiram, e houve confronto.

"Eu não sou perito, não sei que procedimento deveria ter sido tomado. Quem vai averiguar é a polícia. A gente aqui só quer enterrar o nosso pai e prosseguir. Ele foi morto dentro de uma delegacia no Estado do Rio de Janeiro, aparentemente com uma arma do Estado, e o Estado é o responsável", declarou.

A tragédia que atingiu a família de Vladimir aconteceu a poucos dias do Natal. Para ele, o feriado nunca mais será o mesmo. "O Natal daqui pra frente não existe mais pra gente. Meu pai sempre trabalhou muito e minha mãe sempre cuidou da gente. Ela foi obrigada a não ter uma profissão, a não trabalhar fora formalmente, apesar de fazer unha e faxina pra dar um sustento pra gente e ajudar o nosso pai. E acabamos perdendo o carro-chefe, que é o bem financeiro e o bem emocional. Porque ele era o nosso porto seguro", acrescentou o filho.

O caso

Valdecir chegava para registrar um boletim de ocorrência de perda de documento quando o ex-soldado da PM do Rio Grande do Norte Jefferson Perceu Maciel Saraiva, de 46 anos, roubou a arma de um agente dentro da 5ª DP e abriu fogo contra quem estava no local. Na ocasião, Saraiva feriu outras duas pessoas, entre elas um agente da delegacia e acabou sendo baleado na cabeça. O policial civil e um motociclista que teve a moto roubada pelo ex-PM tiveram alta do Hospital Souza Aguiar. Já o atirador segue em estado grave, mas estável, que inspirando cuidados.

O ex-policial militar tinha sido detido no Aeroporto Santos Dumont por agentes da Operação Aterro Presente ao causar um tumulto. Ao ter a algema retirada para assinar termo na distrital, pegou a arma do agente do programa de Segurança Presente e deu cerca de 15 tiros a esmo, correndo por ruas próximas. O caso provocou pânico em frente à sede da Polícia Civil, na Lapa.

Na tentativa de fuga, Jefferson correu até a esquina da Avenida Gomes Freire com Rua da Relação, e ainda rendeu um motociclista que estava parado no sinal. O motociclista acabou sendo atingido por um tiro na barriga em uma troca de tiros. O atirador foi baleado na cabeça.

*Colaborou Jessyca Damaso

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