Irregularidade nas praias cariocas. Na foto acima a venda de queijo coalho, na praia da Barra da Tijuca. - Luciano Belford/ Agência O Dia
Irregularidade nas praias cariocas. Na foto acima a venda de queijo coalho, na praia da Barra da Tijuca.Luciano Belford/ Agência O Dia
Por Antonio Puga

Rio - As regras não são novas. Pelo contrário, elas foram atualizadas e estão valendo desde 2008, mas é só dar um pequeno passeio pelas praias do Rio durante o verão para ver que a desordem nas areias é rotina. Ontem e sábado, equipe do DIA percorreu a orla de Ipanema até a Barra da Tijuca e constatou diversas irregularidades, desde espetinhos de camarão em tabuleiros até o altinho no espelho d'água.

O Código de Posturas da cidade do Rio, que norteia as regras em ambientes públicos, determina, por exemplo, que os ambulantes nas praias devem estar uniformizados, e os que comercializam comida, precisam utilizar boné ou gorro e avental. Tabuleiros, churrasqueiras e carrocinhas não são permitidos na areia. Mas na blitz do DIA nas praias, dezenas de camelôs foram flagrados quebrando essas regras e vendendo comida sem qualquer cuidado com a higiene.

QUEIJO E CAMARÃO

Outra proibição é a fabricação ou cocção de alimentos na areia, como churrasquinho, frutos do mar, amendoim torrado, sanduíche e salgado. Em Ipanema, um vendedor de camarão, que não quis se identificar, reconheceu que pratica irregularidade, mas disse que a clientela é fiel. "Fico atento na fiscalização, mas as pessoas sempre compram o espeto de camarão, principalmente os turistas", garantiu o ambulante.

O queijo coalho assado na brasa é outro sucesso nas areias e item proibido pelo código municipal. O casal de Manaus, Elizane Silva e Daniel Rocha, não sabia que o alimento era proibido, apesar de confirmar que não há garantia da procedência. "Não deixamos de comer o queijo ou até o camarão. Sei que a procedência pode ser duvidosa, mas quem já passou férias em Salvador não se preocupa", afirmou Daniel.

A secretária Patrícia Legey, frequentadora das praias da Zona Sul, se recusa a comprar produtos que não sejam industrializados. "Prefiro o biscoito e o mate. Não vou arriscar minha saúde comendo algo que possa fazer mal. Conheço várias pessoas que tiveram problema de saúde por isso".

HORÁRIO RESTRITO

As irregularidades não ficam só no gênero alimentício. A prática de algumas atividades, como o altinho, peteca e jogos com raquete, na beira da água entre o mar e as tendas dos ambulantes de ponto fixo também é proibida entre 8h e 17h, para evitar acidentes. Sem fiscalização, banhistas aproveitam para jogar à vontade. Foi isso que O DIA flagrou nas areias de Ipanema e da Barra da Tijuca no final de semana. A Guarda Municipal é responsável por orientar essas regras. As atividades só podem ser feitas na areia próximo ao calçadão.

Levar animais para a praia também não é permitido. Segundo o Código de Posturas, é proibida a presença de pets na areia e, no calçadão, só com coleira. O descumprimento é considerado infração administrativa, com punição que prevê multa ao proprietário do animal (podendo chegar a R$ 2 mil).

ATUAÇÃO DA PREFEITURA

Segundo a Coordenadoria de Controle Urbano (CCU), as ações nas praias são constantes. O órgão informou que em dezembro foram feitas 93 fiscalizações na orla, com 3.378 apreensões, 32 notificações e 26 infrações. De acordo com a Guarda Municipal, foram coibidas 217 práticas esportivas, como altinho e frescobol, em horário e local proibidos.

Ainda de acordo com a Guarda, foram feitas 2.269 apreensões de produtos que estavam sendo comercializados na orla por ambulantes sem autorização, como 30 facas, 33 churrasqueiras e três pipas com cerol. Na areia é proibido a utilização de qualquer material cortante, além de bebida e comida servidas em vidro.

Morador e frequentador da praia da Barra da Tijuca, Hugo Fernandez acredita que a prefeitura deveria intensificar a fiscalização. "Quando quero comer camarão, por exemplo, vou ao quiosque no calçadão, que é legalizado".

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