Diogo Cunha e Luiz Antonio Simas são os autores do livro que traça o perfil de Luiz Carlos da Vila - Luciano Belford / Agência O Dia
Diogo Cunha e Luiz Antonio Simas são os autores do livro que traça o perfil de Luiz Carlos da VilaLuciano Belford / Agência O Dia
Por FRANCISCO ALVES FILHO

Rio - Quem cruzasse com Luiz Carlos da Vila sem conhecê-lo talvez duvidasse que era sambista. Falava baixinho, costumava sorrir em vez de gargalhar, era discreto nos movimentos e declaradamente tímido. Alguém muito diferente da imagem dos animados craques das rodas de samba. Por trás do jeitão recolhido estava um dos maiores poetas da música brasileira, autor de grandes sucessos e de letras tão delicadas quanto seu comportamento. A história do compositor, que morreu em 2008, e sua importância para a música são agora resgatadas por Luiz Antonio Simas e Diogo Cunha no livro 'Princípio do Infinito - Um perfil de Luiz Carlos da Vila' (Editora Numa).

Simas explica que um dos principais objetivos dos autores é chamar atenção para a importância de Luiz Carlos, ainda não devidamente reconhecida. "É um cara que muita gente do samba vê como mais da sigla MPB, que eu nem sei exatamente o que significa. Já o pessoal da MPB vê como 'sambista demais'. Fica naquela encruzilhada", lamenta o historiador. O parceiro de livro Diogo Cunha avalia que ele era extra-série: "Luiz Carlos sobrava na turma. Ele tinha letras rebuscadas, a trajetória dele é fundamental para entender o subúrbio".

São da autoria dele sucessos como 'O Sonho Não Acabou' ("A chama não se apagou/nem se apagará/és luz de eterno fulgor/Candeia), 'O Show Tem Que Continuar' ("Nós iremos achar o tom/e fazer com que fique bom/outra vez, o nosso cantar"), 'Kizomba - A Festa da Raça' (samba-enredo da Vila Isabel, campeão de 1988, em parceria com Rodolpho e Jonas) e muitos outros.{'nm_midia_inter_thumb1':'https://odia.ig.com.br/_midias/jpg/https://odia.ig.com.br/_midias/jpg/2019/01/11/120x80/1_luizcarlosdavila-9274521.jpg', 'id_midia_tipo':'2', 'id_tetag_galer':'', 'id_midia':'5c38f6b28e3f3', 'cd_midia':9274532, 'ds_midia_link': 'https://odia.ig.com.br/_midias/jpg/2019/01/11/700x470/1_luizcarlosdavila-9274521.jpg', 'ds_midia': 'Tímido, o compositor fazia canções tão delicadas quanto seu comportamento
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Além disso, Luiz Carlos da Vila é um dos personagens fundamentais do movimento que Simas avalia como um dos mais importantes da história da música brasileira. "É aquele que vem com a turma do Cacique de Ramos, visto também muitas vezes com preconceito. Representou uma ruptura".

A partir da trajetória do compositor, o livro mostra uma certa história do periferia carioca. "Tratamos da formação do subúrbio, da questão comunitária, dos saberes suburbanos... O que a gente tem de mais impactante na aventura civilizatória do Rio vem de lá e não da praia", conta o historiador. "Trabalha-se muito a ideia de morro e asfalto. Mas essa trajetória do subúrbio carioca, mais especificamente do subúrbio da Leopoldina, é meio nublada. A vastidão da cultura suburbana é ignorada como se a cidade fosse somente a Zona Sul, o Centro e o morro".

A deliciosa mitologia de bairros da Zona Norte como Ramos, Penha, Vila da Penha e Vila Isabel também está no livro. Tudo visto pelos olhos privilegiados do poeta Luiz Carlos.

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