Mãe do Arthur de dois meses vitima de uma árvore que caiu em sua casa em Irajá,ela reclama da demora no atendimento do seu filho!Lidiane Ribeiro da Silva na porta do Hospital Getulho Vargas na Penha Zona Norte do Rio
 Severino  Silva/ Agencia O Dia - Severino Silva/Agencia O Dia
Mãe do Arthur de dois meses vitima de uma árvore que caiu em sua casa em Irajá,ela reclama da demora no atendimento do seu filho!Lidiane Ribeiro da Silva na porta do Hospital Getulho Vargas na Penha Zona Norte do Rio Severino Silva/ Agencia O DiaSeverino Silva/Agencia O Dia
Por LUIZ PORTILHO

Rio - Artur Miguel, de apenas dois meses, trava uma luta pela vida no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte do Rio. Ele se feriu com gravidade após uma árvore cair sobre a sua casa, em Acari, no fim da tarde desta segunda-feira. Na manhã de hoje, artue foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da unidade. A tarde está prevista uma tomografia e uma cirurgia para a retirada de um coágulo no cérebro. Além do bebê, uma gestante e outras seis crianças ficaram feridas. 

Lidiane, mãe de Artur, chegou em casa por volta das 18h e falou do perigo que a árvore trazia durante a chuva. "Cheguei a comentar com a minha mãe sobre o risco de a árvore cair, o que acabou acontecendo logo em seguida, quando eu estava tomava banho", disse, revelando o estado do filho. "A situação dele está muito difícil", lamentou a empregada doméstica.

A família de Lidiane morava num barraco na Favela de Acari, que ficou completamente destruída pelo vegetal, um eucalipto. "Quando eu cheguei ao local, minha mãe já tinha conseguido tirá-lo do quarto. Já estava sangrando muito no colo da minha mãe. Eu o peguei e saí correndo. As crianças foram comigo até a beira da pista (Avenida Pastor Martin Luther King) e pararam um carro de um motorista de Uber, que nos levou para a UPA", falou Lidiane. "A árvore veio quebrando tudo, por trás da casa. Saiu até a raiz", completou.

Árvore atingiu casa e feriu gravemente bebê de dois meses em Acari - WhatsApp O DIA (98762-8248)

Ela contou como está Artur: "Ele fez tomografia e deu que ele vai ter que fazer cirurgia porque o sangue coagulou, e está crescendo um caroço na cabeça dele", relatou, lamentando o seu filho mais novo estar passando por isso: "Estou com o coração partido, meu filho mais novo estar passando por isso".

Dificuldade para ser atendido

A mãe do bebê conta que teve dificuldade para ser atendida. Primeiro, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Costa Barros, onde só foi realizada uma radiografia, pois não havia tomógrafo no local. Apesar da falta de equipamento, ela elogiou o atendimento. "Não tenho do que reclamar da UPA. Lá, eles fizeram radiografia e viram que a cabecinha do meu filho afundou um pouquinho", contou. A Secretaria Municipal de Saúde disse em nota que não realiza tomografia, pois o exame é feiro em hospitais com emergência (leia no final a nota na íntegra)

Ao chegar no Hospital Getúlio Vargas, ela teve de bater o pé para que a criança ficasse internada, pois informaram a ela que havia vaga e ainda houve uma queda de luz. Ela chegou à unidade por volta das 19h30 e ficou com o filho desmaiado no colo até 22h40, quando foi encaminhada para a enfermaria. Ela afirma que ficou ao lado de uma criança com tuberculose.

"Meu filho ficou por três horas desmaiado no meu colo. Depois, ficou na pediatria ao lado de uma criança com tuberculose. Deixaram no soro até agora. Deram uma mamadeira e ele vomitou", criticou Lidiane. "Aqui no Getúlio mandaram primeiro fazer ficha na emergência de adultos. Nos trataram muito mal, pois estavam com duas pessoas baleadas e falaram que tínhamos de esperar. Falaram que o caso do meu filho não era grave", reiterou, continuando com as críticas.

"Foi um atendimento péssimo. Meu filho teve febre, vomitava água pura e as enfermeiras falando que era normal, que eu tinha de esperar o médico vir. Fomos tratados como cachorro. Aliás, nem um cachorro merecia ser tratado assim", disse.

Nesta manhã, Artur foi transferido para a UTI. Ele vai passar por uma tomografia, prevista para às 15h, para depois realizar uma cirurgia para a retirada de um coágulo no cérebro. Ela alega que houve uma falta de energia quando chegou ao hospital. 

"Chegamos aqui, teve uma queda de luz e não quiseram atender o meu filho. Falaram que a gente tinha que voltar para a UPA ou esperasse de uma hora e meia a duas horas para esperar a máquina de tomografia esquentar. Se a gente persistisse, o chefe de enfermagem disse que era para retirar o meu filho daqui e levar para a UPA repassar para outro hospital. Eu falei que não ia tirar o meu filho daqui, porque aqui tem máquina para tomografia e ele falou que a gente estava agindo com abuso. Eu não agi com abuso. Meu filho estava desmaiado e já estava muito amarelo", defendeu. 

Além da casa de Lidiane, outras sete foram atingidas pela árvore. Uma gestante e outras seis crianças também se feriram. Uma delas, de dois anos, levou sete pontos na cabeça. Os outros não tiveram ferimentos graves. 

Questionada, a direção do Hospital Estadual Getúlio Vargas, através da Secretaria Estadual de Saúde, disse que "a criança deu entrada na unidade às 19h38 (...) e foi atendida pelas equipes de pediatria e neurocirurgia". "A tomografia foi realizada às 20h30. A direção informa que Artur Miguel apresenta estado de saúde grave", concluiu, sem responder às críticas feitas pela mãe do bebê. 

Nota da Secretaria Municipal de Saúde, sobre atendimento na UPA

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Costa Barros esclarece que:

- durante o tempo em que esteve na unidade, Artur Miguel foi acompanhado pela equipe de plantão e recebeu os cuidados indicados para o quadro;

- o caso apresentava indicação clínica para realização de tomografia, e, por isso, o paciente foi inserido no Sistema de Regulação, seguindo os trâmites legais, e transferido para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, onde segue internado;

- As UPAs prestam o primeiro atendimento, avaliando os pacientes seguindo a classificação de risco. A partir dessa avaliação, os casos mais graves em que ocorram risco iminente de morte e necessidade de realização de exames específicos, como tomografia, são encaminhados para unidades hospitalares, por meio da Central de Regulação, como ocorreu no caso;

- o exame de tomografia não é realizado em UPAs, mas é feito nos hospitais de urgência e em emergência. 

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