Rio - A Polícia Civil realizou uma nova reconstituição, na noite desta terça-feira, do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Para isto, os agentes interditaram a Rua dos Inválidos, entre a Avenida Mem de Sá e a Rua da Relação, na Lapa, Região Central do Rio.
O objetivo da reconstituição era tentar identificar quem estava no carro no dia do crime. Pelo menos quinze policiais participaram da reconstituição. Do edifício Parque Residencial Centro do Rio, as promotoras do Ministério Público Estadual (MPRJ) Simone Sibilio e Letícia Emily, controlaram as imagens e comandaram os movimentos dos policiais. Giniton Lages, delegado responsável pela Delegacia de Homicídios (DH) da Capital também esteve presente. A ação durou cerca de 1h30.
Fontes da especializada disseram ao DIA não entender o motivo da não solução do caso Marielle até hoje. "O doutor Giniton já está com tudo nas mãos. Será que ele está esperando o caso completar um ano?”, indagou um policial. "(Essa reconstituição) é sigilosa e eu não posso falar nada", limitou-se Simone Sibilio, promotora do Ministério Público, que comandou a reconstituição.
"Essa é uma perícia complementar para ajudar nas investigações. (A apuração) está caminhando", declarou Giniton Lages ao DIA. Questionado se os criminosos serão presos antes do crime completar um ano, o delegado afirmou que não se sabe.
No dia 14 de março do ano passado, a vereadora e o seu motorista foram executados no Estácio, na Região Central, após saírem de um evento na Casa das Pretas, na Rua dos Inválidos. Neste mês, quando completou 11 meses dos assassinatos, a Anistia Internacional divulgou um novo documento em que destaca as incoerências e contradições nas investigações das mortes de Marielle e Anderson.
O levantamento intitulado “O labirinto do caso Marielle Franco e as perguntas que as autoridades devem responder” apresenta uma lista de mais de 20 perguntas sobre pontos críticos que até hoje não foram esclarecidos.
Racha nas investigações
Como divulgou "O Globo" em dezembro, há alguns meses as duas promotoras decidiram investigar por conta própria a morta da parlamentar e de seu motorista. Isso teria gerado um mal-estar entre a Delegacia de Homicídios e o MP. Já houveram diversas reuniões para que as arestas fossem aparadas. No entanto, as duas promotoras seguem irredutíveis.
Oficialmente, nem a Polícia Civil e nem o Ministério Público confirmam o racha. Extraoficialmente, fontes do MP dizem que a investigação paralela pegou até mesmo a instituição de surpresa e desencadeou uma briga interna. As duas promotoras responsáveis pelo caso mantêm sigilo sobre possíveis descobertas e se recusam a falar com a imprensa.