Andrea Gomides e Jaciana Melquiades  - Marcio Mercante / Agência O Dia
Andrea Gomides e Jaciana Melquiades Marcio Mercante / Agência O Dia
Por LUANA BENEDITO

Rio - País com a maior população negra fora da África, o Brasil ganhou a primeira loja física de bonecas negras apenas em 2019. É a Era Uma Vez o Mundo, que fica no Centro do Rio e foi idealizada pela historiadora Jaciana Melquiades, com o objetivo de suprir a falta de brinquedos para crianças negras.

Segundo a historiadora, o negócio nasceu sem pretensão, em 2013, no mundo virtual, após ser mãe de Matias. Moradora de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, ela uniu os dons da costura, a formação acadêmica e o ativismo para criar bonecos que fossem representativos para o filho. E, em um primeiro momento, as peças eram feitas somente sob encomenda.

No entanto, em 2017, com o governo estadual em crise, a então funcionária da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), achou que empreender seria a opção mais rentável e o negócio ainda teria um impacto social. Ela, então, decidiu participar de um programa do Instituto Ekloos com a Oi Futuro para criar o espaço físico da loja.

"Lotou de gente, a notícia da abertura da loja viralizou. Ficamos impressionadas com o engajamento das pessoas e com a vontade delas para encontrar boneca negra. Ao mesmo tempo que a gente fica feliz de ter conseguido fazer, é um pouco preocupante perceber que, em um estado como o Rio, a população não consiga achar uma boneca negra com facilidade", reclama Jaciana. 

Para a historiadora, a autoidentificação e o autoconhecimento que acontece durante o ato de brincar é fundamental para o processo de formação da autoestima. "O brinquedo faz com que a criança se veja no mundo. É o primeiro contato que a gente tem para a formação das nossas subjetividades. A gente acaba se reconhecendo muito no que a gente tem, no nosso brinquedo, no personagem que apresentam para a gente", destaca ela, que ganhou a primeira boneca negra aos 23 anos.

Apoio

A concretização da loja Era Uma Vez o Mundo foi possível graças ao Instituto Ekloos, que desenvolve programa de aceleração e inovação de iniciativas de impacto social. "Hoje, 57% das pessoas que a gente trabalha são negras e 54% são mulheres. A gente vai em um caminho contrário do que as outras aceleradoras vão e quer aquele empreendedor que tem dificuldade de se colocar, mas tem ideia legal e um potencial", explica Andrea Gomides, criadora do instituto.

 

Você pode gostar
Comentários