Após massacre em Suzano, alunos da Escola Estadual Professor Raul Brasil retornam à instituição - Paulo Guereta/ Parceiro/ Agência O Dia
Após massacre em Suzano, alunos da Escola Estadual Professor Raul Brasil retornam à instituiçãoPaulo Guereta/ Parceiro/ Agência O Dia
Por LUANA BENEDITO

Rio - Nunca se falou ou pesquisou tanto por dark web em sites de busca. A camada mais profunda da internet deixou o imaginário coletivo das lendas urbanas para acender o sinal de alerta na população para práticas criminosas reais após o massacre em uma escola de Suzano (SP). O atentado, que deixou dez mortos, foi planejado em um fórum anônimo de propagação de ódio contra minorias.

Afinal, como combater criminosos que navegam ser deixar rastros no submundo mais desconhecido da web? “A espionagem é um caminho”, aponta André Miceli, coordenador do MBA de Marketing e Negócios Digitais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em entrevista ao DIA

DIA - Qual a diferença entre deep web e dark web?

 André Miceli - Na prática, a dark web é um subconjunto da deep web. Em comum, elas têm as páginas não indexadas. A diferença entre elas, é que a deep é um conjunto de informações sigilosas, desde dados bancários até documentos acadêmicos. Já a dark web, é sobre ilegalidade e é onde está o perigo.

Antes do atentado em Suzano, a dark web era pouco conhecida e pairava sob o imaginário dos internautas por causa de lendas que circulam por lá. O que mudou nos últimos dias?

Por se tratar de algo fechado dá espaço para imaginação. Então, tem muita lenda urbana como por exemplo, as Lolitas Slave Toys (bonecas sexuais humanas). O problema da dark web são os crimes reais como salas de conversa que podem incitar a violência, comercialização de drogas, prestação de serviços e produtos ilícitos, além da prostituição.

É possível rastrear os usuários? Como combater as práticas criminosas desse espaço?

É um impossível rastrear na dark web e na deep web. Para combater os crimes que lá estão, deve ser feito um trabalho de espionagem, de infiltrar nesses fóruns e pensar em ações para atrair esses usuários que navegam no anonimato.

As autoridades brasileiras ainda não se atentaram para os riscos da dark web?

Os riscos até são facilmente vistos, mas no nosso país priorizam o combate da violência das ruas. Porém, nos últimos dias foi visto que os episódios de violência refletiram articulações de dentro da dark web. Eu acredito que vamos ver mais reflexos na rua do que está na dark web e em contrapartida, haverá mais ações para combater esses crimes.

Somente hackers navegam pelas camadas mais profundas da internet? Há alguma estimativa de usuários?

A pessoa não precisa ser um especialista para navegar. Para acessar são necessários aplicativos e softwares, o mais famoso é o The Onion Router (TOR), software que permite estabelecer conexões anônimas e acessar conteúdos . É muito mais uma questão social do que tecnológica. E não há números de usuários, porque não há analytics.

O que atrai os adolescentes para a deep web?

Ali é um ambiente para ilegalidade. É a mesma coisa do que o menino querer ir numa boca de fumo. Porém nessa fase, eles podem estar passando por problemas momentâneos, psicológicos ou não, e podem ser estimulados pelos conteúdos que vão encontrar ali. Na deep web tem de tudo: serviços de inteligência, pessoas curiosas e outras mal intencionadas.

Os pais devem estar em alerta com os filhos?

A deep web não é feita apenas de coisas ruins. No entanto, vale verificar os acessos do TOR – inadequados – e do I2P e Freenet, por exemplo. Assim é possível prevenir problemas provenientes dos riscos e perigos desse ambiente

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