Juiz federal Marcelo Bretas autorizou permanência de Temer na sede da PF em sala diferenciada - AFP
Juiz federal Marcelo Bretas autorizou permanência de Temer na sede da PF em sala diferenciadaAFP
Por GUSTAVO RIBEIRO

Rio - A quantia de R$ 1,8 bilhão desviada, segundo a Lava Jato, pelo grupo liderado por Michel Temer (MDB), daria para melhorar bastante a vida da população. Caso fosse destinada ao Rio de Janeiro, poderia garantir por quatro anos o subsídio do Bilhete Único, que beneficia 5 milhões de pessoas e já correu risco de descontinuidade. Ou construir 18 mil casas populares, reduzindo o déficit habitacional de 400 mil moradias do estado. E equivale ao orçamento da Uerj e da Uezo juntas, universidades que sofrem falta de investimentos. As estimativas são do gabinete do deputado estadual Flávio Serafini (Psol).

"Esse processos de corrupção geraram prejuízo pelos recursos desviados e pela reorientação de políticas públicas que poderiam ter beneficiado, e muito, a população", disse Serafini. Ele ressaltou que a Uerj ficou mais de três meses sem funcionar devido a atrasos salariais.

O engenheiro de transportes Alexandre Rojas, professor da Uerj, estima que o montante seria suficiente para expandir a Linha 2 do metrô entre Estácio e Carioca, passando pela Praça da Cruz Vermelha, cujo projeto é de 1968. Embora a precisão dos custos dependa de estudos, Rojas acredita que pelo menos seria um bom aporte para viabilizar uma parceria público-privada. "Esse trecho poderia aumentar a capacidade da Linha 2 em 30%, aliviando o sistema", ressaltou. 

Segundo o Tribunal de Contas do Município do Rio (TCM-RJ), o valor é o necessário para arcar, por 28 meses, com todas as 1.242 equipes de saúde da família contabilizadas em 2018 — cada uma delas tem custo mensal de R$ 52 mil. Em novembro, a Prefeitura do Rio anunciou o corte de 184 destas equipes, além de 55 de saúde bucal, alegando falta de recursos.

De acordo com o vereador Luiz Carlos Ramos Filho (Pode), outra possibilidade seria construir 225 clínicas da família. Para se ter uma noção do montante, R$ 1,8 bilhão custeia os salários de servidores e inativos do município por seis meses. "É como se durante um semestre parasse um caminhão na porta do banco e roubasse todo o dinheiro dos salários dos servidores e dos inativos", comparou o parlamentar.

Levantamento feito pelo gabinete do deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) aponta que a cifra serviria para construir 1.436 escolas-padrão com seis salas de aula e quadra coberta para 180 alunos por turno para Ensino Fundamental. Outras opções seriam adquirir 10.588 ambulâncias simples ou 849 tomógrafos. "Com R$ 1,8 bilhão a vida das pessoas poderia ter sido melhor. É muito grave que esse dinheiro da quadrilha chefiada por Temer não tenha chegado a hospitais, escolas e em segurança pública", comentou Molon.

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