Guarabu foi enterrado nesta sexta no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador - Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Guarabu foi enterrado nesta sexta no Cemitério da Cacuia, na Ilha do GovernadorReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Por Bruna Fantti
 Rio - Quinze policiais militares podem ser presos na próxima semana por suposto envolvimento com Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho Guarabu, que liderava o tráfico no morro do Dendê, na Ilha do Governador. A Corregedoria da corporação dará parecer favorável para que o Ministério Público Estadual peça a prisão dos agentes investigados na operação ‘Repugnare Criminis’, realizada na quinta-feira. O DIA apurou que a denúncia contém imagens de câmeras, escutas telefônicas além de depoimentos de comerciantes extorquidos.
A corregedoria realizou uma devassa em residências e armários desses agentes, com autorização judicial de busca e apreensão. Eles são lotados nos batalhões 17º (Ilha do Governador), 31º (Recreio dos Bandeirantes), 4º (São Cristóvão) e no Comando de Policiamento Ambiental (CPAM). A operação também reforçou o policiamento no Morro do Dendê, base da quadrilha de Guarabu. Nesse patrulhamento, dez policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPchoque) se depararam com o carro de Guarabu e com outros quatro traficantes, mortos no confronto.
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A Polícia Civil monitora a região que se encontra instável. Um boletim de inteligência da PM, ao qual O DIA teve acesso, aponta o vácuo o controle do morro. “Indícios de instabilidade pela configuração de uma nova hierarquia do tráfico, após a morte das lideranças e interesse de grupos rivais em assumir o controle do tráfico de drogas”, diz trecho, que solicita o reforço no policiamento.
De acordo com Willian Pena, titular da delegacia da Ilha do Governador, não está descartada a possibilidade da quadrilha nomear uma liderança externa: “As investigações nesse momento se desdobram para saber como irá ficar a região. Pode ser uma pessoa de fora”.
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Uma das pessoas que a polícia procura e que poderia assumir o controle é Marilene de Souza Freitas, de 44 anos, irmã do ex-policial militar Antônio Antônio Eugênio de Souza Freitas, o Batoré, morto ao lado de Guarabu. O Disque-Denúncia oferece uma recompensa de R$ 1 mil reais por informações sobre seu paradeiro.
Ontem, o delegado Moisés Santana, que investiga a morte do major Alan de Luna, afirmou que o policial era um herói. “Ele fez um trabalho fora da curva, heroico. Aproveitou uma operação para instalar uma câmera escondida no local onde ocorria a contabilidade e encontro das lideranças. Por isso, foi morto”. 
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Mulheres brigam durante enterro e causam tumulto

Ontem, durante o velório do traficante Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho Guarabu, no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador, cerca de quinze mulheres começaram a brigar na disputa por quem ficaria ao lado do caixão do criminoso. De acordo com relatos nas redes sociais, no meio da multidão um homem puxou uma arma e fez um disparo, o que provocou correria. Algumas pessoas pularam o muro do cemitério. Uma mulher chegou a se esconder dentro de uma cova que estava sendo esvaziada.
A PM negou o tumulto, registrado em um vídeo feito por uma das pessoas presentes. Em outra filmagem que circulou nas redes sociais flagrou um baile funk e um culto evangélico antes do enterro de Guarabu, ambos realizados na quadra do Dendê. As imagens mostram ainda diversas pessoas bebendo cerveja.
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O corpo do bandido foi velado na Capela C, com uma blusa do jogador Messi, do Barcelona, time que o traficante torcia. Ao seu lado, seu amigo de infância, que também dividia o controle do tráfico na comunidade, Gilberto Coelho de Oliveira, o Gil, vestia uma blusa de um bloco de carnaval fundado por ele. A funerária que realizou a ornamentação dos caixões disse que os familiares pediram discrição na decoração, com flores brancas.
Entre as coroas enviadas, nomes de traficantes da facção criminosa. Uma grande faixa com a frase “Jesus é o dono do lugar” e com desenhos dos traficantes foi estendida na entrada do cemitério. A inscrição passou a ser o slogan de Guarabu quando ele a mencionou como resposta, a uma revista estrangeira, ao ser indagado se era o dono do morro.