Caso é investigado pela delegacia do Cordeiro - Reprodução / Google Street View
Caso é investigado pela delegacia do CordeiroReprodução / Google Street View
Por RAI AQUINO
Rio - A jovem de 22 anos que foi vítima de estupro coletivo em Cordeiro está sendo "julgada" pela população do município do Centro Fluminense. É o que diz a advogada da mulher, Valéria Melo, que lamenta os moradores da cidade acharem que ela foi conivente com o ato sexual.
"As pessoas estão dizendo que ela estava fingindo, que quis aquilo e que não foi estupro", Valéria reclama. "As pessoas não entendem que o fato de ela estar dopada ou alcoolizada não impede ela obedecer o pedido de alguém".
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A mulher denuncia que foi abusada por três homens na madrugada do último dia 13, ao deixar uma festa no município vizinho de Cantagalo. Ela estava se sentindo mal, quando um conhecido lhe ofereceu carona para levá-la em casa. A jovem aceitou e só acordou em casa, sem se lembrar de nada. Ela ficou sabendo do ato sexual neste sábado, quando viu um vídeo do ato, que estava sendo compartilhado pela Internet.
"O vídeo é muito cruel, é muito feio. Eu não gostaria de ter visto, mas como advogada, infelizmente precisava saber o que ouve", lamenta. "Estou revoltada com a população pelo julgamento que está sendo feito. No vídeo, ela não consegue nem piscar o olhar".
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DEPOIMENTO
Dois dos três suspeitos de participarem do crime prestaram depoimento nesta quarta-feira na 154ª DP (Cordeiro), que investiga o caso. O conteúdo do depoimento não foi revelado. O terceiro será ouvido na distrital nesta quinta. Todos moram no município, são maiores de idade e foram reconhecidos rapidamente após a divulgação do vídeo.
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De acordo com a advogada da jovem, dois deles possuem antecedentes criminais, um deles por tráfico de drogas. No momento do vídeo, um deles estava com a camisa da empresa que trabalha.
"Na gravação, eles trocam o telefone entre eles toda hora. Eles não falam nada para não despertá-la, já que ela estava em transe, por estar dopada ou alcoolizada. Somente no final eles mostram o rosto dela", Valéria afirma.
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SANGRAMENTO
A advogada conta que na manhã seguinte ao ato sexual, a jovem acordou sentindo um incômodo na região vaginal e um sangramento. Ela diz que a mulher não se preocupou porque estaria para iniciar o período menstrual.
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Uma semana depois, ao saber do ato sexual, ela entrou em desespero e correu para a delegacia para prestar queixa e fez exame de corpo de delito. A advogada diz que como o fato aconteceu há pelo menos uma semana antes, o exame deu negativo. 
"Eu também a levei para um hospital em Nova Friburgo para ela tomar retrovirais. Ela também fez exames de sangue para detectar alguma doença sexualmente transmissível, mas o resultado ainda não saiu", conta.
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FILHO DE QUATRO ANOS
A jovem de 22 anos tem um filho de quatro. A advogada conta que ele não tem noção do que está acontecendo e que a preocupação de sua cliente é com o futuro dela e da criança.
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"Ela está muito constrangida, está em casa, não quer conversar, não quer sair, só fica na cama", diz.
Os três suspeitos do caso vão responder pelos crimes de estupro de vulnerável, filmagem sem consentimento prévio e divulgação de cena de estupro. Mas a advogada também pretende que quem esteja compartilhando o vídeo responda criminalmente.
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"Fizemos vários prints em uma pesquisa com os amigos dela que falaram sobre o vídeo. Vamos juntar tudo e vamos entrar com um pedido de indenização contra essas pessoas que compartilharam o vídeo. Entendemos que quem compartilhou foi conivente com o crime", a advogada afirma.