Rio - Um terreno abandonado, com alguns móveis jogados, e moradores de rua fumando crack. É a cena vista por quem atravessa a Rua Leopoldino de Oliveira, em Madureira, na Zona Norte, que fica a cerca de 750 metros do principal polo comercial do bairro, o tradicional Mercadão de Madureira. Perto dali, a estação Otaviano do BRT Transcarioca aparenta ser também uma extensão da cracolândia, assim como na Avenida Brasil, na altura do Parque União.
O ambiente de degradação se traduz em medo entre os moradores da região, que sofrem com o aumento da violência. De acordo com os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), o número de registros de furtos a transeuntes na área da 29ª DP (Madureira) aumentou 21,4% em junho. O sexto mês de 2018 contabilizou 42 crimes desse tipo. Já em junho deste ano, foram registrados 51 casos. A delegacia de Madureira contabilizou um aumento de mais de 20% de furtos a pedestres em junho deste ano, em comparação ao mesmo mês do ano passado.
“É muita insegurança, porque temos medo de sermos assaltados, de sofrermos com os furtos e até mesmo de sermos feridos por armas brancas”, disse o produtor de eventos Renato Nunes, de 30 anos.
O aumento no número de registros de furtos a pedestres demonstra ser um problema localizado em Madureira. Isso porque o 9º BPM, que é responsável pelo policiamento do bairro, além de Rocha Miranda, Honório Gurgel, Marechal Hermes, Cascadura, Bento Ribeiro e Turiaçu, conseguiu reduzir em 13% a incidência desse tipo de crime na região em que opera.
Segundo o comandante do 9º BPM (Rocha Miranda), tenente-coronel Cristiano Lima, a questão da cracolândia não é apenas um problema de segurança. Ao contrário, é também de saúde pública e desenvolvimento social. Mesmo reprimindo de maneira ostensiva a violência em Madureira, Lima destaca que as do batalhão também fazem ações sociais para combater o crack.
“Nós temos feito semanalmente, junto com a prefeitura, ações sociais para atender usuários de drogas. Temos atuado bastante em conjunto com órgãos de saúde para ajudar nesta causa e, consequentemente, roubos e furtos de rua vem diminuindo. Conseguimos reduzir referente ao mês de julho do ano passado”, contou o oficial.
As secretarias municipais de Saúde e de Assistência Social e Direitos Humanos esclareceram que dão amparo aos moradores de rua em geral. Ambas afirmaram ainda que serviços como tratamento ao usuário de drogas e álcool e assistência psicológica na rede pública também são oferecidos.
Avenida Brasil
A cena de pessoas em situação de rua consumindo drogas ao ar livre se repete na Avenida Brasil, na entrada da favela do Parque União, no Complexo da Maré. O fato que chama atenção dessa cracolândia é que ela foi formada no espaço reservado para se construir uma nova estação do BRT.
Uma equipe do DIA passou pela via e flagrou, além da movimentação de cerca de 30 pessoas, nove barracas, numa espécie de moradias para usuários de drogas, feitas com edredons.
Uma equipe da Comlurb também foi vista no local, limpando a área da cracolândia, mas as barracas não foram retiradas.