O PM, de mochila, corre atrás do ladrão, que, em seguida, é imobilizado com um 'mata-leão' (no detalhe) - fotos de Reginaldo Pimenta
O PM, de mochila, corre atrás do ladrão, que, em seguida, é imobilizado com um 'mata-leão' (no detalhe)fotos de Reginaldo Pimenta
Por O Dia
Rio - Um homem foi preso, no início da tarde de ontem, após roubar o celular de uma adolescente e ser perseguido por um policial militar na região da Leopoldina. Condenado no ano passado pelo mesmo crime, ele foi capturado por um PM à paisana lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Turano, que passava na hora pela Avenida Francisco Bicalho, em frente ao Instituto Médico-Legal (IML). A tentativa de assalto, flagrada pela reportagem de O DIA, reflete uma das principais preocupações dos brasileiros. Segundo recente pesquisa da Opinion Box, cerca de 84% dos entrevistados evitam usar o telefone quando estão na rua para não se tornarem alvos de bandidos.
Segundo o estudo, metade das pessoas que possuem smartphones no Brasil já teve um aparelho roubado. “Ainda há uma insegurança muito presente no nosso dia a dia. A liberdade que se tem fora do país, por exemplo, de mexer no celular em cidades da Europa ou dos Estados Unidos não existe no Brasil. As pessoas não se sentem à vontade de utilizar livremente seu celular na rua”, afirmou Felipe Schepers, diretor de operações da Opinion Box. Segundo ele, um outro dado que chama atenção na pesquisa é a relação entre a idade e o risco de ser vítima de roubo.
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De acordo com Schepers quanto maior a idade da pessoa, menor a chance de levar um prejuízo: “Até 29 anos, 52% das pessoas já tiveram um celular roubado. De 30 a 49 são 44%, e 50 anos ou mais o número cai para 34%”.
Embora esteja dentro do grupo que corre um menor risco de ser assaltado, a administradora Dilze Góes, de 55 anos, afirma que teme atender ligações na rua. “Morro de medo. O máximo que faço é mandar um áudio bem rapidinho e já coloco o celular na bolsa novamente. Tenho medo que alguém passe de bicicleta e leve meu telefone. Isso é muito comum”, contou ela, sem saber que, entre as mulheres, o índice das pessoas que temem ser vítimas de roubo é de 88%.
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Na faixa daqueles que correm um risco médio, Alexandre Ferreira, de 47 anos, também tem a sensação de insegurança. No entanto, ele diz que toma as devidas precauções ao atender aos telefonemas. “De certa forma, a gente tem que usar, né? Se deixarmos de fazer tudo por causa da violência estaremos perdidos. Quando preciso pegar o telefone, olho para os lados e me certifico de que não tem ninguém por perto e seguro bem firme, caso alguém tente puxar das minhas mãos”, disse.
A caminho da academia, Rose Pontes, de 45 anos, não dá nenhuma pinta de que carrega um celular na cintura, encoberto pelo casaco amarrado ao corpo. “É uma tática. A gente anda com medo, sim. Nunca fui roubada, mas já vi alguns assaltos e isso me assustou bastante”, afirmou. 
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De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), de janeiro a junho deste ano houve um aumento de 8,2% no número de roubos de aparelhos de celular na Região Metropolitana do Rio. Neste período, foram 13.200 casos, enquanto que nos seis primeiros meses do ano passado, foram registrados 12.203.
Não por acaso, todo cuidado é pouco. Para alertar a população, o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar e especialista em segurança Rodrigo Pimentel acaba de lançar um canal no YouTube, o ‘Conduta Inteligente’, onde dá dicas para que o cidadão evite situações de violência. Assalto, arrastão, bala perdida e, claro, roubo nas ruas são alguns dos temas abordados por Pimentel. “Distração no celular, deixar a bolsa fora de vista, relaxar totalmente. Nada disso é mais possível nos dias de hoje”, afirmou o especialista em uma das transmissões do programa.

VÍTIMAS NÃO DEVEM REAGIR
Delegada-titular da 19ª DP (Tijuca), para onde foi levado o homem que roubou o celular na Avenida Francisco Bicalho, Cristiana Bento alerta que nenhuma vítima deve, em hipótese alguma, reagir a um assalto. Ontem, no entanto, a adolescente assaltada chegou a correr atrás do criminoso para tentar reaver o aparelho. “Não sabemos o que o bandido está disposto a fazer com a vítima no momento do crime. Orientamos sempre: não reaja. Chame, imediatamente, a polícia para que possamos capturar o criminoso”, disse. “Nenhum objeto pessoal ou celular vale mais do que a vida de uma pessoa”, completou.
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De acordo com a delegada Cristiana Bento, atualmente a 19ª DP conta com um acervo fotográfico de criminosos que atuam em roubos a pedestres na Grande Tijuca. “Desde o começo do ano, implantamos aqui na delegacia um sistema com fotos de diversos criminosos que atuam na região. Quando as vítimas chegam, mostramos, e elas têm mais facilidade para identificar o criminoso”, explicou a titular da 19ª DP. O celular da adolescente foi recuperado e está na delegacia para ser entregue à vítima.