O governador Witzel e o presidente Bolsonaro no Rio, em julho  - Estefan Radovicz
O governador Witzel e o presidente Bolsonaro no Rio, em julho Estefan Radovicz
Por Lucas Cardoso
Rio - O Presidente da República, Jair Bolsonaro, falou, na manhã deste sábado, durante solenidade na Vila Militar, em Deodoro, sobre a polêmica envolvendo o uso de um helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB) por parentes. Segundo o governante, o deslocamento da família para o casamento do seu filho, Eduardo Bolsonaro, não elevou os gastos comuns em suas viagens.

"Eu fui no casamento do meu filho. E a minha família do Vale da Ribeira estava comigo, eu vou negar o helicóptero para eles irem para lá? Vou mandar eles de carro? Toda vez que que eu viajo usamos dois helicópteros. Não gastei nada além do que já iria gastar", disse o presidente.
Em seguida, ele disse que ninguém quer falar de corrupção, sugeriu, inclusive, que a imprensa levantasse o cartão corporativo dele. O presidente chegou a abrir a carteira e mostrar o cartão para a imprensa. Na chegada à solenidade, o Presidente destacou que só iria responder perguntas mais elaboradas e sugeriu que os jornalistas abordassem temas como o Irã: "Vocês precisam fazer perguntas mais inteligentes", disse.
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O Irã tem cargueiros no Brasil que estão aguardando autorização do governo para serem abastecidos. Os navios estão há semanas aguardando a liberação dos combustíveis. A Petrobrás se recusa a realizar o fornecimento do diesel temendo sanções dos Estados Unidos contra a estatal, pois o país mantém uma dura política com empresas que negociam com Teerã.
A viagem de helicóptero foi assunto após o sobrinho do presidente, Oswaldo Bolsonaro Campos, gravar e postar um vídeo nas redes sociais. Além dele, outros parentes e o deputado federal Hélio Lopez (PSL-RJ), estavam entre os tripulantes. Nas imagens, que já foram apagadas da rede, Oswaldo diz: "E aí, senhora? Estamos bonitos? Vamos passear de helicóptero".

Em resposta oficial, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) justificou o uso do helicóptero da FAB pelos parentes de Bolsonaro. A opção pelo transporte ocorreu por "motivos de segurança", já que o caminho para o local da festa de casamento de Eduardo Bolsonaro teria comunidades perigosas.
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De acordo com o especialista em direito constitucional e professor de Direito Administrativo da PUC-Rio, Manoel Peixinho, a atitude do presidente configura crime de improbidade administrativa. "Essas aeronaves são bens públicos e devem ser utilizados para missões oficiais. Agora, o que se constatou no caso foi um evento particular. A alegação de segurança pública só se aplica ao presidente e a esposa, ou outro representante que esteja com ele. O que houve efetivamente foi um turismo as custas dos cofres públicos. Ele se negou a falar porque sabe que está errado", critica. 
Ainda de acordo com o professor, a Procuradoria Geral da República (PGR) pode entrar com ação por improbidade administrativa contra o presidente Bolsonaro. "Há diversos casos que implicaram na devolução. Renan Calheiros devolveu. Uma série de outros políticos devolveram voluntariamente. Foi um ato atentatório aos princípios da moralidade e da impessoalidade administrativa, que estão no artigo 37 da constituição", finaliza.  
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O governador do Rio, Wilson Witzel também compareceu à solenidade, mas não conversou com a imprensa.