Momento em que umas das vítimas desmaia após ser liberada - Ricardo Cassiano / Agência O Dia
Momento em que umas das vítimas desmaia após ser liberadaRicardo Cassiano / Agência O Dia
Por Rachel Siston
Rio - Aparentando bastante tranquilidade, o motorista bilíngue de uma empresa de petróleo Carlos Renato Pereira da Silva, 48, contou os momentos de desespero que os passageiros do ônibus viveram na Ponte Rio-Niterói.

Ele conta que o sequestrador entrou no ônibus de mochila, no Mocanguê, em Niterói, rendeu o motorista e todos ficaram nervosos achando que se tratasse de um assalto. Foi quando Willian Augusto da Silva anunciou que era um sequestro e que esse dia ficaria na História. De acordo com a vítima, o sequestrador "ria como quem ri de nervoso", mas não foi agressivo com os passageiros.

Carlos estava no fundo do ônibus e conseguiu mandar mensagens para o grupo da empresa e para a família pedindo tranquilidade.
"Eu tinha a sensação de que algo de ruim aconteceria com ele e não com a gente. Agradeço a Deus e ao trabalho da Polícia Militar que foi perfeito, independentemente de governador e de prefeito", diz. "Felizmente o caso teve um bom desfecho para a gente, mas não para ele", comenta.
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O passageiro estava no fundo do ônibus e conta que o momento de maior apreensão foi durante os disparos que mataram Willian. "Ficamos com medo que algum inocente fosse atingido", lembra.
Carlos Pereira é casado e tem duas filhas: Amanda, 24, e Sofia, 9. Ele pediu à família para que a caçula não soubesse de nada. A esposa foi acordada nesta terça-feira com a mensagem sobre o sequestro. "A sensação de beijar e abraçar a minha mulher depois de tudo foi o melhor", conta. 
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O refém lembra que Willian chegou a pedir R$ 30 mil durante a negociação com a polícia, mas avalia que a intenção do sequestrador era  "chamar atenção".

Parentes chegaram a pedir desculpas às vítimas, ainda na Ponte Rio-Niterói. Segundo um primo, Willian apresentava transtornos mentais. O refém Carlos Pereira, no entanto, disse que não percebeu nenhuma alteração, como agressividade, no sequestrador.
Carlos chegou a ter os pulsos amarrados por Willian Silva, mas conseguiu enviar mensagens pelo celular ao chefe e á família, transmitindo que estava bem e pedindo calma.
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*Estagiária sob a supervisão de Maria Inez Magalhães