Rio - O relatório do Mistério Público do Rio (MP-RJ) sobre o caso Flordelis, obtido pelo O DIA, revela que Anderson do Carmo descobriu que havia um plano elaborado por filhos para matá-lo e, por isso, chegou a ameaçar grampear celulares da família. O pastor foi morto na garagem onde morava com a deputada federal Flordelis (PSD) e seus 30 filhos adotivos, na madrugada do dia 16 de junho, em Pendotiba, na Região Oceânica de Niterói.
De acordo com o documento do MP, o marido da deputada teria descoberto que Marzy, uma das filhas adotivas do casal, teria oferecido R$ 10 mil para Lucas, também filho do casal que já está preso, por sua morte. A quantia seria furtada da mochila usada pela própria vítima, que tinha por hábito guardar dinheiro em espécie. "Declarou ainda que Flordelis teve o conhecimento da proposta feita a Lucas. Informou ainda que Anderson, ao saber de sua conversa com Lucas, disse que 'grampearia' todos os telefones da casa", revela o relatório.
Nova contradição de Flordelis
Depoimento de uma das médicas plantonistas que prestou atendimento a Anderson no Hospital Niterói D'Or, no dia do assassinato, confirma mais uma contradição de Flordelis. Segundo ela, a viúva disse que um carro, de cor prata, estava parado na porta da sua casa. A informação vai de encontro às imagens de câmeras de segurança da rua, onde não há algum veículo com essas características, conforme conclusão do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MP.
Ainda de acordo com a fala da médica na delegacia, naquele dia, Flordelis chegou à unidade de saúde, após o Anderson já ter dado entrada na emergência. Passando mal, a parlamentar teria feito questão de contar que passou o dia em casa com o marido e os filhos, fez almoço e só saiu da residência à noite, por insistência do pastor, para comemorar o Dia dos Namorados. Contudo, o relato da viúva é diferente do depoimento dela na Divisão de Homicídios de Niterói (DHNISG).
Mentores intelectuais
O documento faz parte da primeira fase das investigações do Ministério Público e já foi enviado ao Tribunal de Justiça. Até o momento, Flávio dos Santos Rodrigues e Lucas dos Santos são os únicos indiciados por homicídio qualificado. Para o promotor Sérgio Lopes, do Gaeco, não há nenhuma dúvida de que existem autores intelectuais e outros executores por trás do assassinato de Anderson do Carmo, que foi encontrado com 30 perfurações em seu corpo.
A Divisão de Homicídios de Niterói instaurou um segundo inquérito para apurar a participação de outras pessoas na morte do líder religioso. A conclusão do promotor reafirma a declaração da delegada Bárbara Lomba, titular da especializada, de que todos que estavam na casa no momento do crime, incluindo a deputada Flordelis, podem estar envolvidos.