Pedro Sousa  - Reprodução
Pedro Sousa Reprodução
Por LUANA BENEDITO
Rio - Dois homens morreram e um outro ficou ferido nesta sexta-feira, no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio. Uma das vítimas é Pedro Sousa, 59 anos, barbeiro conhecido no conjunto de favelas. De acordo com a filha da vítima, ele foi atingido na escada na varanda de casa. 
"Hoje, desde às 6h da manhã, está tendo confronto da polícia aqui na comunidade. Meu pai estava na barbearia, que ele tem há 20 anos. Ele foi pra casa almoçar e resolveu descansar um pouco pra esperar acalmar. E quando, ele resolveu descer achando que já estava calmo. Ele foi atingido na escada e morreu na hora", relata a filha. O corpo de Pedro está no local e a família aguarda a perícia desde às 16h. 
Publicidade
O outro morto foi identificado como Lucas Rodrigues, 21 anos. De acordo com o Hospital Geral de Bonsucesso, o jovem já chegou morto na unidade. Já o ferido, de 18 anos, foi atendido na unidade e liberado.
Policiais do Comando de Operações Especiais (COE) realizaram uma operação no Complexo da Maré desde a manhã desta sexta-feira. De acordo com a corporação, no início da operação, os militares apoiaram a Polícia Federal que foi ao local para desativar uma rádio clandestina e depois, os agentes atuaram na região com o objetivo de reprimir o tráfico de drogas na região, combater o roubo de carga e localizar criminosos.
Publicidade
Ainda segundo a PM, três pessoas foram presas na ação. 'Posteriormente, foi verificado que duas pessoas feridas deram entrada, por meios próprios, ao Hospital Geral de Bonsucesso", disse a corporação, em nota. 
Moradores lamentaram morte de barbeiro
Publicidade
Nas redes sociais, moradores lamentaram a morte de Seu Pedro, como é conhecido na comunidade. "Triste demais. Desde quando me entendo por gente eu o conheço", disse uma. "Gente tão fina", escreveu outro. "Eu estava no salão dele hoje. Ele só fechou pra ir em casa", relatou outro. "Dor na alma", comentou outra moradora.
ONG relata violações 
Publicidade
A ONG Redes da Maré diz que a equipe do Maré de Direitos recebeu relatos de violência, danos ao patrimônio e violações. Entre as denúncias dos moradores há casas invadidas, motos quebradas.
Uma equipe de segurança pública e acesso à justiça da ONG está no local com a família de Pedro. A organização acionou a Delegacia de Homicídios da Capital para a realização da perícia.
Publicidade
Sobre as denúncias de moradores, a Polícia Militar informou que as operações desencadeadas pela corporação são pautadas por informações da área de inteligência e seguem protocolos rígidos de execução.
"O comando da corporação não compactua com nenhum possível desvio de conduta de qualquer um de seus militares. A Corregedoria monitora, atua e pune todos os envolvidos em tais práticas quando identificados e comprovados os fatos. As denúncias estão à disposição da população em tempo integral: WhatsApp através do número (21) 97598-4593, por telefone pelo número (21) 2725-9098 ou pelo e-mail denuncia@cintpm.rj.gov.br", disse a PM, em nota. 
Publicidade
Maré estava há um mês sem operações policiais
Segundo a Redes, hoje completaria um mês sem operações policiais na Maré. No dia 12 de agosto, mais de 1,5 mil cartas de jovens e crianças foram entregues ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Nos textos, o pedido de paz. 
Publicidade
Após dois dias, a Ação Civil Pública da Maré, em vigor desde 2017 e anulada em junho foi restabelecida. Nas últimas semanas, os moradores receberam a visita de representantes do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e da Associação de Juízes para a Democracia (AJD) para discutir saúde pública, segurança e direitos humanos nas favelas. 
Em cartas, crianças pedem fim da violência na Maré - Divulgação / Redes da Maré