Por Bruna Fantti

Rio - Mais R$ 76 milhões devem cair nas contas de três Organizações Sociais de Saúde (OSs), hoje, de acordo com determinação da Justiça. As OSs terceirizam serviços para os hospitais municipais Pedro II, em Santa Cruz; Albert Schweitzer, em Realengo; Evandro Freire, na Ilha; e Mariska Ribeiro, em Bangu, além de unidades de tratamento mental. Ontem à noite, em assembleia, médicos decidiram continuar a greve total na saúde básica, mantendo o funcionamento de 30% nas emergências e maternidades.

Ainda na assembleia, os médicos decidiram que a continuidade da greve dependerá do acordo realizado no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), às 14h de hoje. Nessa audiência de conciliação, onde estarão presentes representantes das 11 OSs, Prefeitura do Rio e sindicatos, a expectativa é de que também haja decisão sobre os pagamentos dos profissionais de limpeza, segurança e transporte.

Esses profissionais são representados pelo Sindicato dos Empregados em Instituições Beneficentes, Religiosas, Filantrópicas e Organizações não Governamentais (SindFilantrópicas), e os atrasos nos salários variam de um a três meses. Muitos estão dependendo de doações para se manter. "Esperamos que no Natal a gente possa ter pelo menos uma ceia", afirmou um faxineiro, sem se identificar, do Schweitzer. As doações podem ser realizadas na recepção do hospital.

"Vamos saber como vai ficar a situação do pagamento deles. Isso será cobrado, tanto quanto os salários dos médicos e enfermeiros", disse o presidente do SindFilantrópicas, Sérgio do Carmo.

O TRT bloqueou, ontem, R$ 25 milhões encontrados nas contas da prefeitura para tentar acertar os pagamentos de profissionais da Saúde Pública do Rio. Na sexta-feira, outros R$ 67 milhões já tinham sido bloqueados. Na semana passada, a Justiça havia bloqueado mais R$ 256 milhões. O montante, no entanto, ainda não é o suficiente para debelar a crise no setor.

Tempo de espera por triagem desanima

A vendedora Gabrielle Cristine, de 22 anos, é hipertensa e acordou com um inchaço nos pés. Ela foi à Coordenação Regional de Emergência (CER) do Centro do Rio, mas a informação que recebeu foi desanimadora. "Tenho que esperar duas horas para passar pela triagem. Já fui ao Souza Aguiar, mas lá só estão atendendo emergência. Vou ter que procurar outro hospital e nem sei qual, porque está tudo horrível", desabafou.
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A cozinheira Jaqueline Neves, 44, passou por três unidades de saúde para conseguir atendimento para o filho, o autônomo Luiz Eduardo Clemente, 25. Com infecção na garganta, Luiz foi atendido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Irajá. Mas o médico aconselhou à família a procurar o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, porque poderia ser caso de cirurgia.
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"No Souza Aguiar não atenderam, disseram que precisava do encaminhamento do CER, então o médico daqui diria se precisa ou não de cirurgia. Só que a gente chegou há três horas e ele não passou nem pela triagem. Infelizmente, a gente depende do serviço público, mas é quase a mesma coisa que pedir para morrer", lamentou Jaqueline.
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