A operação para criar três UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) em Angra dos Reis, na Costa Verde do Estado do Rio, deverá começar nos próximos dias. O efetivo para a ação sairá de batalhões da capital, que cederão de dois a três agentes para compor o policiamento na região. Agentes que já residem no interior terão prioridade nessa seleção, conforme apurado por O DIA.
Na próxima segunda-feira, o governador Wilson Witzel irá se reunir com o prefeito de Angra, Fernando Jordão, para discutir soluções sobre a criminalidade no município.
Uma das medidas já foi anunciada: o 33º Batalhão (Angra), responsável por uma área equivalente a 420 mil campos de futebol, receberá um caveirão. "Ainda não há data para o blindado chegar, mas será logo. O veículo vem do 27º BPM (Santa Cruz)", afirmou o coronel Marcio Alexandre Fófano, que assumiu a unidade há 30 dias com o desafio de lidar com uma guerra entre facções de traficantes.
No último fim de semana, sete corpos, de jovens entre 15 e 26 anos, foram encontrados em um caminhão. "Estamos investigando. A principal linha é a de que as mortes sejam pela disputa territorial do tráfico", afirmou Celso Gustavo Ribeiro, titular da 166ª DP (Angra). De acordo com o investigador, que atualmente é o único delegado lotado na unidade, 80% dos homicídios no município estão ligados ao tráfico.
O Instituto de Segurança Pública (ISP) aponta o aumento da letalidade. Se em 2014 foram 75 vítimas de homicídios dolosos, em 2018 foram 132. Nesse período houve a consolidação da milícia Três Pontes, na Zona Oeste do Rio, que fez com que traficantes da região migrassem para a Costa Verde, conforme denúncias do Ministério Público Estadual.
Traficantes do Rio levam fuzis
No Parque Belém, o traficante Helder da Silva, o HD, é apontado como chefe. Ele possui 13 anotações criminais pelos crimes de homicídio, tráfico de drogas, porte ilegal de arma, receptação, roubo e associação para o tráfico.
No vídeo, Corta Cabeça apresenta o grupo. "Estamos aqui. Eu, meu molequinho, duas pistolas: uma que perderam o pente e eu tomei porque perderam. E a Glock que me devolveram. Não é igual à minha, não, camuflada. Eu tô com a maior saudade dela", diz Corta Cabeça que, segundo a Polícia Civil, recebeu o apelido após decapitar uma vítima.
De acordo com o delegado Celso Gustavo Ribeiro, titular da 166ª DP (Angra dos Reis), criminosos costumam utilizar fardas para confundir a população. "Isso iria facilitar uma falsa blitz, por exemplo, onde parariam os carros para roubar. Sobre o Corta Cabeça, somente este ano já pedimos seis mandados de prisão contra ele, por vários crimes", afirmou.
O inquérito da delegacia, instaurado no início da semana, pretende identificar todos os homens que aparecem na filmagem.