Cor turva: risco à saúde - Reprodução/Redes Socias
Cor turva: risco à saúdeReprodução/Redes Socias
Por Natasha Amaral
Rio - Água fresca nos dias mais quentes do verão? Não para a maior parte dos cariocas. Desde o início da semana, moradores de diversos bairros das zonas Norte e Oeste vêm sofrendo com alteração no gosto, cheiro e aparência da água distribuída pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio (Cedae). De acordo com Júlio César da Silva, professor e chefe do Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente da Uerj, "vazamentos de detergentes e produtos químicos (efluentes industriais) na água bruta" podem ter causado o excesso de algas e gerado a contaminação.
Após diversas denúncias sobre cheiro e gosto ruins, e de pessoas que passaram mal com a ingestão, a Cedae informou que técnicos detectaram a presença da substância geosmina em amostras da água. De acordo com a companhia, trata-se de uma substância orgânica produzida por algas, e sua ingestão não apresenta risco à saúde dos consumidores. Para o especialista, é muito cedo para liberar o consumo para a população.
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"Ainda não temos um parecer exato. O excesso de algas pode ser gerado por dois motivos: eutrofização – excesso de fósforo e nitrogênio na água – ou pelas chuvas. Muitas vezes pode ser causado por chuvas mas, neste caso, provavelmente causado por algum vazamento de produto químico. As chuvas também podem carregar material de alguma indústria química, mas ainda não choveu tanto para causar isso", diz Júlio Cesar.
Segundo ele, a companhia falhou em não verificar o excesso de algas, embora exista um padrão específico de potabilidade. "O padrão de potabilidade existe em cima dos produtos que não vão causar mal a saúde. A água não é pura, tem sais minerais e outros materiais.O processo de tratamento da Cedae falhou ao não verificar este excesso (das algas) e alterar a dosagem no tratamento para evitar este problema na água tratada. Faltou checar a qualidade da água tratada antes de distribuir. Qualquer espécie química em excesso, fora dos padrões de potabilidade, é um contaminante. Pode não ser um problema grave, mas é um contaminante", destaca.
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Questionado sobre os possíveis problemas de saúde após a ingestão da água, o professor foi enfático: "A recomendação é evitar consumo e tomar apenas água mineral até que seja declarado as condições da água". Para ele, os resultados dos testes realizados não deixaram claro a quantidade da substância encontrada e isso pode interferir na liberação do consumo.
"O excesso dessa substância pode causar algum mal, sim. No entanto, muitas vezes não é tão grave porque depende da imunidade das pessoas. É provável de acontecer, qualquer substância em excesso faz mal. Até o momento, nem todos os locais estão contaminados, as zonas Norte e Oeste foram as mais castigadas. O recomendado é evitar as águas das torneiras e utilizar um filtro de carvão ativado. Quem observar qualquer diferença no gosto, sabor e odor deve suspender o consumo", finalizou.
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Em nota, a Cedae informou que "apesar de todos os testes realizados pela Cedae, nos últimos dias, terem apontado que a água fornecida está dentro dos parâmetros exigidos pelo Ministério da Saúde, e própria para o consumo, a companhia adotará, em caráter permanente, a aplicação de carvão ativado pulverizado no início do tratamento. Isso será feito para reter a geosmina caso esse fenômeno volte a ocorrer".