Ex-presidente da Cedae, Hélio Cabral  - Ricardo Cassiano
Ex-presidente da Cedae, Hélio Cabral Ricardo Cassiano
Por Bernardo Costa
Rio - Em pouco mais de uma hora de entrevista coletiva na sede da Cedae, na manhã desta quarta-feira, a direção da companhia não deu previsões sobre quando a água chegará sem problemas na casa dos moradores. Diretor-presidente da Cedae, Hélio Cabral informou que os equipamentos para aplicação de filtros de carvão ativado foram comprados na última sexta, ao custo de cerca de R$ 1 milhão, e serão instalados na ETA Guandu na próxima semana para conter a ocorrência de geosmina, substância que, segundo a Cedae, está provocando cheiro e gosto alterado na água que chega aos moradores.

"Não podemos precisar o dia da instalação, mas o fabricante me informou que, na próxima semana, os equipamentos estarão instalados. Após a instalação, há um prazo de 24 horas para que a água saia de Guandu sem a geosmina. Já na casa dos moradores, não podemos precisar, pois é necessário um prazo maior para a renovação da água", disse Hélio Cabral, que pediu desculpas à população pelos transtornos causados no sistema de abastecimento.

O diretor-presidente da Ceade reafirmou que a ocorrência de geosmina na água não traz riscos à saúde da população. "Apesar de provocar cheiro e gosto de terra, não há risco para as pessoas. Não há qualquer registro, nem mesmo na literatura especializada, que relacione qualquer tipo de problema de saúde à ocorrência de geosmina na água", disse Hélio Cabral.

Sobre a coloração alterada e a turbidez da água em algumas regiões do Rio, Hélio Cabral afirmou que a água que está saindo da estação Guandu não apresenta essas alterações, e que o problema pode estar relacionado a uma série de outros fatores.

"Podem ser vários outros problemas, como sujeira em caixas d'água ou até mesmo ocorrências de animais mortos em algum cano", disse o diretor-presidente.

Demissões na Cedae

A diretoria da Cedae negou que a exoneração de Julio Cesar Antunes, chefe da estação Guandu, na noite desta terça-feira, esteja relacionado aos problemas no abastecimento de água.

"Ele não deixou a companhia, foi trocado de função e substituído por um funcionário mais arrojado, que está à frente do projeto de modernização da estação de Guandu. Essa mudança já estava em gestação", disse o presidente da Cedae.

Hélio Cabral comentou sobre as demissões de 54 funcionários desde março de 2019. Segundo ele, os demitidos tinham funções burocráticas, administrativas, e ganhavam salários incompatíveis com suas funções. "Esses funcionários tinham salários acima de R$ 50 mil e, em alguns casos, até de R$ 80 mil. Com isso, economizamos R$ 100 milhões na folha de pagamento", disse Hélio Cabral.

Sergio Marques, gerente de controle de qualidade de água da Cedae, disse que nenhum dos demitidos atuava em cargos relacionados às análises dos padrões de potabilidade da água. E que as análises feitas até o momento pela empresa não constataram a presença de qualquer substância nociva à saúde no volume que sai de Gandu.

"A equipe técnica de controle de qualidade não foi alterada com as demissões. A rotina analítica continuou a mesma. Em nenhum momento houve redução de análises da água e elas seguem apontando padrões adequados. Seguimos à risca as recomendações do Ministério da Saúde", disse.

Agência reguladora
A Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Rio (Agenersa) abriu processo para acompanhar os procedimentos da Cedae para que o abastecimento seja normalizado. Na última terça-feira, a Agenersa divulgou nota informando que solicitou relatórios complementares à Cedae sobre as análises da qualidade da água feitas a partir do dia 10 de janeiro. A Agenersa solicitou, ainda, que a Cedae informe a data de início do tratamento com carvão ativado na ETA Guandu. 
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Em resposta ao Dia, a agência informou que a Ceade tem até o dia 21 para enviar os relatórios complementares. E que a data para início do tratamento com carvão ativado deve ser informada pela Cedae no dia anterior ao início do tratamento. 
Segundo a Agenersa, caso o processo comprove falhas da Cedae que comprometam a qualidade da água distribuída no estado, a concessionária pode ser multada em mais de R$ 5 milhões.