Todos os dias, o motorista de ônibus Julio Cesar Silva, de 37 anos, acorda cedo para mais um dia de trabalho. A caminho da garagem da empresa, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, os quase 60 minutos dentro de um ônibus lotado não são nada perto do que ainda está por vir, já que ele passará o restante do dia a bordo de um coletivo que circula entre o município caxiense e a capital.
Essa via crucis no trânsito, sobretudo como passageiro, não é exclusividade de Silva. Um levantamento feito pela Moovit, empresa especializada em mobilidade urbana, aponta que o Rio de Janeiro é a cidade brasileira com maior tempo médio de deslocamento no transporte público. Pelo menos 11% dos deslocamentos feitos na capital duram mais de duas horas. Outros 36% levam, em média, até 2 horas.
Além dos ônibus, o levantamento levou em consideração os deslocamentos feitos por meio de VLT, metrô, trem, barca, teleférico e plano inclinado. A capital aparece em 3º lugar no ranking mundial, com média de 67 minutos. Só perde para Istambul, na Turquia (72 minutos); e para a Cidade do México (69 minutos). Outras duas cidades brasileiras aparecem entre as dez principais apontadas pelo estudo: Recife e São Paulo. Em ambas as capitais, o tempo de deslocamento médio é de 62 minutos.
"Às vezes tem superlotação, depende do horário. Aí, a gente já chega cansado no serviço. No caso dos rodoviários, após passar por esses problemas para chegarmos à garagem e iniciar o dia de trabalho, ainda temos que enfrentar congestionamento, vias em péssimas condições. É muito estresse", desabafa Silva.
Tempo de espero é outro drama
Quatro vezes por semana, Paulo Pinho, de 58 anos, sai de Guapimirim, na Baixada Fluminense, rumo ao Centro do Rio. "Não podemos marcar um compromisso e contar com o serviço público. Tem dias que saio com quatro horas de antecedência e mesmo assim chego atrasado. Esse tempo eu poderia estar com minha família", reclama.