Formandos do ano passado do projeto 'Recode Pro': cerca de 80% dos alunos conseguiram emprego - divulgação/Recode
Formandos do ano passado do projeto 'Recode Pro': cerca de 80% dos alunos conseguiram empregodivulgação/Recode
Por André Arraes

O isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus pode ser um tempo também para expandir as qualificações profissionais. A Organização Não Governamental (ONG) Recode está lançando a 2ª edição do programa 'Recode Pro', de formação profissional gratuita, voltada para jovens em vulnerabilidade social que buscam oportunidades na área de tecnologia, como desenvolvedores da categoria full stack. O curso será 100% online, por conta da pandemia, e terá duração de seis meses. Nele, os alunos serão capacitados a atuar em várias partes do projeto de um software (sistemas e aplicativos), criação da interface, códigos, bancos de dados e programação. Serão ao todo 216 vagas para jovens do Rio e de São Paulo.

Além do conteúdo técnico, o programa desenvolve capacidades essenciais para o mundo do trabalho, como comunicação, criatividade, atuação profissional e resolução de problemas. O curso é aberto também para aqueles sem experiência na área de tecnologia. De acordo com a Recode, na formação do ano passado cerca de 80% dos participantes conseguiram emprego, e o salário médio de contratação desses jovens é de R$ 4.500.

Hiperconexão

"Nós estamos em um momento fundamental da nossa História. Com o alvorecer da quarta revolução industrial, com toda a demanda sobre as novas habilidades digitais da população, surge a necessidade de humanização dessas tecnologias. Além disso, nessa fase de pandemia da covid-19, a hiperconexão se tornou necessária. Em paralelo, a demanda por desenvolvedores aumenta a cada dia. Nós da Recode entendemos que a empregabilidade é uma das bases da transformação social de jovens em situação de vulnerabilidade. Por isso, criamos o projeto para transformar a vida destes jovens e oferecer a oportunidade de uma carreira em sintonia com o nosso tempo", explica o presidente da ONG, Rodrigo Baggio.

Após se formarem no curso da Recode, a ONG faz uma feira de talentos, em que os alunos são colocados em contato com grandes empresas do mercado. Raphael teve bom aproveitamento e foi contratado, como analista júnior de Engenharia de Software, pelo banco Itaú. Ele deve se mudar para São Paulo em breve, por causa do trabalho. "Vou, mas o mais rápido possível eu quero levar minha família para lá também".

As inscrições para o processo seletivo estão disponíveis no site /www.recodepro.org.br/. Nele, há o regulamento e o cadastro a ser preenchido pelos interessados. O prazo de inscrição vai até o dia 26 de junho.

Motivação e orgulho
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Raphael Silva, de 23 anos, fez parte da primeira turma do curso, no ano passado, e se formou em março deste ano. Ele é morador da comunidade da Quitanda, em Costa Barros, Zona Norte do Rio. O jovem trabalha desde os 16 anos e já passou por diversos empregos, como auxiliar de serviços gerais, porteiro e técnico de informática. Há dois anos, enquanto fazia um serviço como serralheiro, ele sofreu um acidente e recebeu uma descarga elétrica, que provocou a amputação de sua mão direita.
Foi quando Raphael começou o curso de programação para poder ajudar a família, fonte de sua inspiração e dedicação. O jovem ainda teve que lidar com a morte, este ano, da mãe e da tia, ambas com suspeita de covid-19.
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"Minha motivação sempre foi minha família. Estou fazendo faculdade de Gestão de Recursos Humanos e entrei no curso da ONG também. Na minha casa, ninguém chegou a fazer o ensino superior, mas eu estou tendo essa oportunidade e aproveitando. Minha família sempre me incentivou a estudar e, com certeza, eu dedico minhas conquistas, a ela. Em especial, à minha mãe e minha tia", ressalta.
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