Policial afirmou que apontou a arma após Jorge Hudson Alves da Silva, 27 anos, ter atirado pedras na direção dos PMs. Advogado do rapaz diz que ele atirou amêndoas - Reprodução de vídeo
Policial afirmou que apontou a arma após Jorge Hudson Alves da Silva, 27 anos, ter atirado pedras na direção dos PMs. Advogado do rapaz diz que ele atirou amêndoasReprodução de vídeo
Por O Dia
Rio - Um vídeo feito momentos antes de um jovem negro, desarmado, ser abordado por um policial militar também negro, com um fuzil, na manifestação Vidas Negras Importam, em Laranjeiras, no último sábado, podem corroborar a versão do agente. O policial afirmou que apontou a arma após Jorge Hudson Alves da Silva, 27 anos, ter atirado pedras na direção dos policiais e, com isso, ter quebrado o vidro de uma viatura. As imagens mostram Jorge Hudson arremessando ou simulando jogar um objeto na direção dos agentes. Os policiais afirmam que eram pedras; a defesa de Hudson, após ver o vídeo, disse que eram amêndoas. 
As imagens foram feitas por um cinegrafista da TV Bandeirantes e cedidas, ainda durante a manifestação, a um policial militar que as reproduziu com seu celular. Elas foram encaminhadas para a Corregedoria da corporação. Em nota, a PM afirmou que a corregedoria já apura a quebra "do protocolo interno da corporação ao apontar seu fuzil para um homem desarmado".
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"O vídeo que nós tivemos acesso (no dia da manifestação) foi o do policial apontando um fuzil para o Hudson. A informação que a gente tem é que começou a agressão por parte dos policiais - e há todos os vídeos que mostram policiais do Batalhão de Choque tentando acabar com uma manifestação pacífica. Depois de ter sofrido agressões, com spray de pimenta e gás lacrimogênio no rosto, e isso dói muito, ele (Hudson) jogou amêndoas na direção dos policiais. Sendo que ele estava bastante distante dos policiais e nenhum policial é ferido, graças a Deus. E, mesmo se pegasse amêndoas nos policiais, com a armadura que eles usavam, dificilmente machucaria", afirmou o seu advogado, Rodrigo Mondego.
O defensor disse que os arremessos foram feitos após os policiais terem sido agressivos com os manifestantes. "O único dano que teve no dia foi a um carro que estava dentro do Palácio Guanabara, o que seria impossível (o Hudson acertar). O vídeo mostra que é impossível ele acertar os policiais; o que ele faz é muito mais um sentimento de revolta após sofrer uma injusta agressão. E, mais impossível, ainda, ele acertar um carro dentro do Palácio Guanabara. Em todas as hipóteses, eles jogando esse vídeo na mídia é uma tentativa de legitimar um policial militar usar um fuzil em uma manifestação de pessoas desarmadas", disse Mondego.
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PM apontou fuzil para manifestante desarmado durante manifestação em Laranjeiras - Reprodução / Globo News
Na delegacia, Hudson negou que tenha quebrado o vidro da viatura, que estava dentro do pátio do Palácio Guanabara. Após ser abordado com um fuzil, ele foi revistado e, como estava com um a ponta de cigarro de maconha, foi levado para a delegacia. Lá, assinou um termo circunstanciado e irá responder por crime de menor potencial ofensivo.
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Vaquinha
Jorge Hudson trabalha com entregas, serviço que realizava momentos antes de se juntar à manifestação que protestava contra a violência policial e tem como nome o mesmo dos protestos que ocorrem nos Estados Unidos, após George Floyd, um homem negro, ser morto por um policial branco em uma abordagem.
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Após a imagem dele -- com as mãos para o alto, tendo um fuzil apontado para o seu peito -- viralizar, uma vaquinha foi feita para a compra de uma bicicleta motorizada. Até o momento, foram arrecadados R$ 4.875, mais do que o dobro da meta de R$ 2 mil.