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Através da arte, mulheres dão colorido ao mundo
Ensaio fotográfico mostram como aquarelas, bonecas de pano, bordados e fantoches de papel machê dão vida e leveza em lindos trabalhos artesanais
Outro dia, o Instagram — essa ferramenta que nos permite uma conectividade tão instantânea —, me sugeriu um perfil e, com apenas um clique, me levou para a serra fluminense, em Teresópolis. Entrei virtualmente no mundo de Maria Dolores Montesó, que faz lindos bonecos de papel machê. Inevitavelmente, a música de João Bosco e Capinan me veio logo à memória, cantarolada de forma imaginária.
"Cores do mar, festa do sol/Vida é fazer/Todo o sonho brilhar/Ser feliz/No teu colo dormir/ E depois acordar/Sendo o seu colorido/ Brinquedo de papel machê". Quantos intérpretes esses versos já ganharam pelo país afora? Poesia que em muito se assemelha ao trabalho artesanal: na delicadeza e na singeleza. E que vem sempre com a assinatura do autor. Como um selo de qualidade. Nada padronizado, já que nenhuma peça sai igual à outra. Os bonecos com um lindo colorido parecem bailar no ar em móbiles. Uma ciranda de leveza. Fantoches do mesmo material mostram que é possível dar asas à imaginação com graciosidade.
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Aquele perfil tão lúdico me leva a outro onde as ilustrações, algumas em aquarelas, dão o colorido na vida de Manuela Tasca e de seu filho, Luca, o Lulu, de seis anos. O menino foi diagnosticado com a Síndrome de Jacobsen, que afeta a parte cognitiva da criança. Como um cartão de visitas, a descrição do perfil dá ainda mais sentido à beleza dos trabalhos: "Arte com significado. Ilustro para meu filho entender melhor o mundo". Entre tantas obras, como marcadores de livros, uma boneca é intitulada: "O dia, a noite e o amor próprio". Uma criação para trabalhar junto ao filho conceitos com o claro, o escuro e o amor próprio, simbolizado por um "autoabraço". Exercício que deveríamos praticar diariamente.
Quantas peças lindas e personalizadas existem por aí? Feitas por um amigo, um conhecido ou um vizinho? Elas podem simbolizar um presente tão íntimo, mostrando que você pensou especialmente naquela pessoa. Há ainda bordados, como os da jornalista Renata Amaral, que têm a magia de transportar uma foto para uma tela e virar item de decoração.
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Lã, linhas e tecidos: cercada desses materiais, a arquiteta Felícia Boutureira produz bonequinhas que fazem muito adulto voltar a ser criança. Na cerâmica, artistas transformam a argila em peças únicas. Uma jamais será igual à outra, até porque na queima o resultado nem sempre é o idealizado. Inesperado como a vida.
E, voltando à música 'Papel Machê', leio que ela surgiu quando o baiano Capinan visitou Bosco e viu as esculturas desse material que Ângela, a mulher do músico, fazia. Que a arte, que colore o mundo tantas vezes cinzento, siga sempre um dos versos da canção: "Nada vai desbotar".
