PM pinta pichações que fazem apologia ao tráfico e às facções criminosas - Divulgação
PM pinta pichações que fazem apologia ao tráfico e às facções criminosasDivulgação
Por Gabriel Sobreira

Policiais militares do 37° BPM (Resende) encontraram uma forma de se aproximar da população local e ao mesmo tempo acabar com pichações em muros que fazem apologia ao tráfico ou a facção criminosa. "Muros com esses tipos de alusões estão com dias contados, na minha área pelo menos", frisa a coronel Luciana R. de Oliveira, à frente do batalhão.

A ação começou na sexta-feira, no bairro Cidade Alegria, que concentra boa parte do tráfico de drogas. Foram duas horas de trabalho com 16 policiais. Enquanto os agentes de serviço (fardados) faziam a segurança, a equipe que está de folga (usando roupa de educação física) pintava os muros.

"No primeiro dia, a nossa vontade era ir logo para outros bairros. Só que era tanta pichação que a tinta acabou. Pintamos aproximadamente 13 muros. A meta é juntar mais tinta e pintar todos os muros com essas inscrições. A nossa área compreende os municípios de Resende, Itatiaia, Porto Real e Quatis", diz ela.

A ideia surgiu dos agentes do Grupo de Ações Táticas (GAT). Os moradores contaram que não concordam com as pichações com ordens como 'abaixa o farol', 'quem domina é o...', ou 'tropa do...'. Segundo a coronel, a população disse que tentava pintar o muro, mas sempre vinha alguém ligado ao tráfico falando que teria represália e o morador recuava. Foi quando a guarnição disse que poderia ajudar.

"Quando trouxeram a ideia com o apoio da população, eu falei: 'Vamos fazer'", afirmou.

O projeto conta com doação de tintas e materiais tanto de moradores quanto de comerciantes locais. Os oficiais que pintam atuam em sua hora de folga. "Os policiais estavam contentes. Tudo bem que o sol 'castigou um pouco' (risos), mas sempre tinha alguém oferecendo água", comemora a coronel.

Conforme a oficial, este tipo de iniciativa entre a corporação e moradores aproxima e gera frutos como mais denúncias anônimas com paradeiros de drogas, armas ou traficantes. "A moda poderia pegar. É muito triste a gente ver a nossa cidade, principalmente do interior, com pichações de apologia ao crime. Parece que a população está de acordo, mas não está. A população está triste com os muros pichados com apologia", pontua ela.

"A PM está presente. Às vezes, a gente precisa do empurrãozinho da população. E essa ação foi muito bem vista, o pessoal adorou. Queremos mostrar que a união entre os moradores e a PM consegue sim combater o tráfico de drogas. Eles não vão crescer", completa.

 

Objetivo é espalhar a ação para outros bairros e cidades

A ideia é espalhar a iniciativa a mais cantos da cidade, municípios e estados. Outros bairros serão atendidos, mas a oficial não adianta o cronograma por segurança. “Se picharem em cima, voltamos. Vai ficar ‘briga’ feia. Não vamos desistir, vamos mostrar que quem manda é o cidadão de bem e a PM faz segurança dele”, defende.

A coronel está em contato com associações de moradores para convidar jovens grafiteiros que criem arte sobre as paredes pintadas. A ideia é representar líderes que marcaram a história mundial e escrever frases de efeito”, adianta.

“Tenho até um policial que faz esse grafite. Se a associação não conseguir alguém, ele vai fazer a arte, já está até pesquisando. Quem serão os homenageados? Ah, isso é assunto para outra matéria”, brinca coronel Luciana.

 

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