Voluntários são heróis na pandemia
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Voluntários são heróis na pandemia Arquivo pessoal
Por Maria Clara Matturo*

Em busca de amenizar os danos causados pela pandemia e dar voz à Zona Oeste, 12 coletivos da região formaram a União Coletiva pela Zona Oeste. Formada no eixo de Santa Cruz, Paciência e Sepetiba, o projeto arrecadou, no primeiro semestre de 2020, mais de R$ 70 mil, que foram revertidos em cestas básicas e kits de higiene para mais de 3 mil famílias.

A moradora de Campo Grande Day medeiros, de 31 anos, contou como a União nasceu: "No começo da quarentena, eu idealizei o projeto, que é uma junção de coletivos, para podermos montar uma rede de apoio que trabalhasse as mesmas questões culturais e sociais. Nenhum de nós trabalhava com assistência antes da pandemia. A gente se uniu no intuito de denunciar que as mães não estavam recebendo as cestas básicas prometidas e o fato de nosso distrito industrial não gerar nenhum retorno social para nossa área. Como uma região pobre ia receber a pandemia? Então de cara, no dia 20 de março, já estávamos articulados escrevendo uma carta para direcionar ao governo do estado e ao município".

Além do trabalho assistencial que o grupo passou a fazer, a visibilidade para a região era um dos maiores objetivos. "Começamos a arrecadar dinheiro e os parceiros foram aparecendo, foram nos ajudando. A nossa questão era dar visibilidade para esse eixo, que é o extremo da Zona Oeste, com o índice de desenvolvimento social mais baixo do Rio. A gente acaba sempre ficando de fora dessas grandes ações de favela. Nossa ideia era uma grande união para aumentar a voz, porque sabíamos que cada um com o coletivo pequeno na sua comunidade não ia conseguir ter visibilidade", explicou a fundadora do projeto.

No fim das contas, Day reforçou o quão relevante é o trabalho realizado pelo terceiro setor: "Conseguimos mapear 3.500 famílias. Dessas, nós ajudamos 3.400 de maneira contínua, de março a agosto. Foram cestas básicas repetidamente entregues. Precisamos enaltecer o trabalho do terceiro setor, que dentro das comunidades carentes e periferias está sempre dando acesso ao que o estado não dá. Viver isso ao lado de coletivos que lutam pelos mesmos objetivos e ver essa movimentação foi muito bonito. Mostrar para a sociedade do nosso eixo que estamos aqui, que somos linha de frente real, que está pensando e repensando num futuro. Foi um trabalho desgastante, mas uma grande experiência".

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