Material apreendido pela Polícia Civil durante a operação em Magé
Material apreendido pela Polícia Civil durante a operação em MagéDaniel Castelo Branco
Por Thuany Dossares
Rio - Mais três delegacias serão integradas na força-tarefa da Polícia Civil que busca combater as narcomilícias, organizações criminosas que atuam no tráfico de drogas e também em práticas ligadas às milícias, como cobrança de taxas de moradores e comércios e venda de gás e internet.
O trabalho que já era feito por sete unidades do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) contará agora também com a Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) e Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC).

"Já temos investigações em andamento, em decorrência até do trabalho que já vínhamos fazendo. Sabemos que algumas localidades estão se aliando a milicianos. Nosso objetivo agora é a asfixia financeira e captura de alvos. A maioria desses criminosos já respondem por organização criminosa, extorsão, homicídios. Os milicianos, muitos deles já investigados, estão foragidos. Mas não adianta nada a gente só prender e deixar que os grupos continuem tendo lucro. Tem que prender e desarticular financeiramente", explicou o delegado Felipe Curi, responsável pelo DGPE.

Em cerca de 40 dias de atuação, a força-tarefa da Polícia Civil realizou mais de 50 operações, que terminaram com a prisão de mais de 100 pessoas. Durante essas ações, o que chamou atenção foi a quantidade de maneiras encontradas pela milícia para impor seu domínio territorial e conseguir ainda mais lucros para a organização criminosa.

"A gente conseguiu desarticular diversos estabelecimentos comerciais explorados diretamente pela milícia, como provedores de internet, farmácias, empresas que vendem cestas básicas, lojas de roupas e mercadorias piratas, revendedores clandestinos de botijões de gás, transporte alternativo de van, kombi e mototaxi. E até mesmo uma grande fábrica de cosméticos estourada pela Delegacia do Consumidor (Decon), com faturamento de mais de um milhão por mês, que era da milícia", contou Curi.

ATUAÇÃO NAS ELEIÇÕES 

Durante o período eleitoral, a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) instaurou inquérito contra cinco candidatos, de diferentes municípios, pela suspeita de relação deles com traficantes e milicianos em troca de curral eleitoral. Mesmo com o fim do pleito, as investigações continuam, é o que garante o subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil, delegado Rodrigo Oliveira.

Além destes inquéritos, a Draco também recebeu mais de 30 denúncias a respeito dessa possível aliança. "Essas denúncias seguem sendo apuradas para ver se serão formalizadas, nada impede que elas também se transformem em inquéritos", afirmou o delegado.

No domingo de eleições, a força-tarefa atuou em diversos bairros do Rio, principalmente em Campo Grande, Guaratiba e Santa Cruz, na Zona Oeste.