Rio de Janeiro 21/11/2020 - Literatura na Rua. Na foto acima o morador de rua Lacerda perreira Bragança. Foto: Luciano Belford/Agencia O Dia - Luciano Belford/Agencia O Dia
Rio de Janeiro 21/11/2020 - Literatura na Rua. Na foto acima o morador de rua Lacerda perreira Bragança. Foto: Luciano Belford/Agencia O DiaLuciano Belford/Agencia O Dia
Por Thuany Dossares
Rio - Quando morador de rua Leo Motta, de 39 anos, viu nos livros uma esperança para mudar sua vida. Ele se tornou escritor, teve livro exposto na Bienal e agora quer dar essa esperança para outras pessoas que vivem na situação que ele viveu durante seis meses, em 2016. Na manhã deste sábado, ele promoveu o primeiro "Literatura na Rua", no Largo da Carioca, no Centro do Rio, e distribuiu cerca de 30 exemplares adultos e infantis.

Leo, que já distribuía cafés da manhã aos sábados, desde o início do ano, decidiu incrementar livros em seu projeto "A rua é casa de muitos, não deveria ser de ninguém". No evento, que contou também com a equipe do "O bem é o caminho", também foram distribuídas máscaras de proteção. 

"Decidi incentivar à leitura e mostrar que a página da nossa vida pode virar a qualquer momento. Parte da historia pode ser triste, mas pode ter um final feliz. E eu senti um interesse nos livros por parte deles, viram que é possível sair da rua", contou Leo Motta.

Com o livro "A vida depois das marquises", do Leo Motta, nas mãos, o morador de rua Lacerda Pereira Bragança, de 50 anos, agradeceu o presente.

"Sou do Largo da Carioca, estou aqui há cinco anos. Agradeço por esse evento, descobri esse livro e já li uma pequena parte dele, já ouvi uma pequena parte dele. Se tornou interessante para mim porque é um livro de um cidadão que viveu as mesmas circunstâncias que eu, que passou pelas mesmas dificuldades, e ouvindo e lendo a história dele, aqui tem uma boa filosofia de vida, uma boa instrução para sairmos desse tipo de vida. Ganhei esse livro hoje e vou continuar lendo", disse.

Lacerda acredita que a leitura ajude pessoas que vivem na mesma situação que ele. "A literatura é o primeiro e grande passo, porque até as pessoas que não sabem ler, pedem para a pessoa que está do lado e o entendimento vem na hora, porque quando elas ouvem elas entendem. Isso é uma boa ajuda", declarou.

A pequena Ester Estefany, de apenas 10 anos, também foi uma das presenteadas. Ela ganhou o livro infantil "A escola do Marcelo" e logo tratou de folear e exercitar sua leitura. A menina mora em um abrigo, localizado num prédio público invadido.

De acordo com Leo Motta, o próximo Literatura na Rua será realizado no dia 20 de dezembro, também no Largo da Carioca.