Lojista, Sr. Alex, e cliente Renato Roque fazendo as compras para o Natal  - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Lojista, Sr. Alex, e cliente Renato Roque fazendo as compras para o Natal Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por Karen Rodrigues*
Rio - O fim do ano está chegando, mas as festas de confraternização não serão as mesmas em 2020 por conta da pandemia da covid-19. O Natal e Ano Novo devem ser mais familiares e em casa, seguindo as recomendações de autoridades sanitárias. Apesar da previsão de menor movimentação nas ruas, as vendas de Natal nos comércios locais e nos shoppings do Rio devem aumentar em 3%, de acordo com pesquisa do CDLRio e do SindilojasRio.
A pesquisadora em saúde do Centro de Estudos em Gestão de Serviços de Saúde do COPPEAD/UFRJ e Membro do Comitê de Combate ao Coronavírus da UFRJ, Chrystina Barros, em conversa com o DIA, afirma que a pandemia continua e recomenda que as festas de fim de ano aconteçam apenas entre pessoas residentes da mesma casa.
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“É muito complicado pensar nas festas de fim de ano com tanta tensão. Nós estamos, desde meados de outubro, em uma franca ascensão do número de casos e principalmente de número de internações. É questão de tempo e será consequência, infelizmente, um aumento também no número de óbitos. Mas isso tudo, este aumento no número de casos, é consequência direta das medidas de relaxamento, que em nenhum momento retrocederam, somadas a um comportamento da população que beira à irresponsabilidade. Então, o melhor presente de Natal que podemos dar a nós, a nossa família e a nossa sociedade é reduzir o número de casos. Precisamos voltar um pouquinho mais para aquela situação de confinamento que traduz cuidado. Confraternizações de fim de ano não devem ser realizadas. As famílias devem buscar permanecer juntas sim, mas somente aquelas pessoas que já vivem e moram juntas normalmente.”, afirma Chrystina.
Segundo a pesquisadora, neste período pandêmico é necessário evitar o contágio da covid-19 seguindo às recomendações dos órgãos de saúde, como fazer uso da máscara, higienização das mãos, distanciamento social e evitar aglomerações, ainda mais nas festas de fim de ano.
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“Não é hora de se pensar em nenhum tipo de festa e de aglomeração, mesmo se for da família. Se são pessoas que não habitam, que não moram juntas no dia a dia, elas não devem se encontrar fisicamente. E mesmo nesse momento vale todo o cuidado, sair apenas quando necessário, não participar de confraternizações externas, lavar as mãos, não aglomerar, dar preferência a ambientes abertos, manter a casa ventilada, são esses cuidados que vão nos dar o melhor presente de fim de ano e para que venha 2021 com a vacina, aí sim poderemos retornar nossa proximidade calorosa a qual tanto sentimos falta”, recomenda a especialista.
Com a pandemia, muitas famílias cariocas tiveram que mudar algumas tradições natalinas e terão um Natal diferente dos anos anteriores. A estudante de jornalismo Beatriz Lisbôa, de 23 anos, mora com os pais e os dois irmãos na cidade de Mesquita, na Região Metropolitana do Rio, e disse ao DIA que o Natal vai ser com a família reduzida.
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“Esse ano, por conta da pandemia, o nosso Natal vai ser diferente. Nos anos anteriores a gente costumava reunir a família inteira, os tios, primos, sobrinhos, amigos também, a gente fazia ceia com a família inteira. Minha família é bem grande. Mas esse ano por causa da pandemia, o que a gente está planejando fazer é cada um se reunir nos seus grupos menores e fazer a ceia na sua casa. Então, aqui em casa, nós não iremos para a casa dos nosso tios, que é o que a gente geralmente faz todo ano, esse ano nós vamos ficar na nossa casa mesmo, só eu, meus pais e meus irmãos. E os nossos outros parentes cada um vai fazer a ceia nas suas casas, exatamente para não correr o risco com a pandemia.”, disse.
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A tradição da troca de presentes este ano vai ser mantida na família Lisbôa, mas será um pouco mais econômica.
“Como todo ano a gente pretende manter a tradição de trocar presentes, mas desta vez a gente vai acabar gastando menos com presentes, porque não vai ter um grupo tão grande reunido, vão ser só as pessoas que moram na mesma casa. Eu planejo comprar online, porque é um costume meu mesmo fazer compras online, acho que sai mais barato, mesmo antes da pandemia, eu preferia fazer compras online. Mas meus pais que costumam comprar em shoppings, lojas, então eles devem fazer compras nos comércios locais mesmo.”, contou Beatriz.
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Renato Roque, de 45 anos, morador do Méier, Zona Norte do Rio, foi às compras de decorações natalinas nesta terça-feira no Saara, no Centro da cidade, e sentiu uma diferença na movimentação das lojas devido a pandemia.
“As vendas esse ano estão muito precárias, muito reduzidas, muitas lojas fechando, então isso é triste, não vai ser um Natal como os outros que já vivi. Eu prefiro [comprar] online, às vezes sai mais barato e é menos estressante. Tudo bem que tem hora que a gente tem que fazer trocas, não é mesma coisa da gente estar visualizando no físico, mas mesmo assim eu prefiro, é o que eu mais faço hoje.”
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O dono da loja de decoração de festa na Rua Senhor dos Passos, no Saara, o Senhor Alex também contou ao DIA que sentiu as vendas mais fracas este ano em comparação a anos anteriores. No entanto, o setor lojista carioca está otimista para as vendas de fim de ano. Segundo pesquisa do CDLRio e do SindilojasRio, os lojistas cariocas estimam um aumento de 3% nas vendas para o Natal.
Para estimular os consumidores, os comerciantes estão fazendo promoções, descontos, planos de pagamentos facilitados, kits promocionais, liquidações, brindes, sorteios, lançaram novos produtos e aumentaram a variedade de produtos. Eles acreditam que os presentes mais vendidos no Natal serão roupas, calçados, brinquedos, bolsas e acessórios, celulares, perfumaria/beleza e bijuterias e eletroeletrônicos.
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Para 69% dos lojistas entrevistados, o preço médio dos presentes por pessoa deve ser de R$ 170 e os clientes deverão utilizar o cartão de crédito como forma de pagamento, seguido do cheque pré-datado, cartão à vista, dinheiro e a prazo.
Para aumentar as vendas, 60% dos entrevistados disseram que pretendem abrir as lojas aos domingos no mês de dezembro e estender o horário de atendimento. Para isso, 68% dos lojistas de rua pretendem aumentar a segurança com equipes de apoio e melhorar o monitoramento com câmeras.
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De acordo com o presidente do CDLRio e do SindilojasRio, Aldo Gonçalves, que juntas representam 30 mil lojistas, o moderado otimismo dos lojistas com o Natal é reflexo do fraco desempenho das vendas em todas as datas comemorativas que o antecederam, que não atingiram a expectativa de crescimento estimada pelo comércio, além da covid-19, que continua afugentando os consumidores.
“No caso do Estado do Rio de Janeiro, ponto fora da curva na comparação com outros estados, a dificuldade econômica também está inibindo o consumidor. E quando a economia não vai bem afeta o clima de otimismo e inviabiliza as compras, pois é o ambiente econômico quem dita o comportamento do consumidor“, diz Aldo.
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*Estagiária sob supervisão de Cadu Bruno