Cirurgias eletivas serão suspensas a partir do dia 7 de dezembro na rede SUS - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Cirurgias eletivas serão suspensas a partir do dia 7 de dezembro na rede SUSMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Por Gabriel Sobreira
Rio – O aumento de casos de covid no Rio de Janeiro tem refletido diretamente no número de internações na rede particular. Segundo o diretor da Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro (AHERJ), a taxa de ocupação na capital está bem perto do seu limite máximo. "Leitos para covid-19 estão praticamente cheios: 97%. Os leitos não covid-19 estão com ocupação acima de 90%", explica Graccho Alvim, diretor da AHERJ.
Quando questionado se, com os números acima, é possível afirmar que a rede particular está à beira de um colapso, Alvim aponta saídas. "É uma situação crítica, mas temos ainda opções em Niterói, São Gonçalo e Duque de Caxias. Nesta próxima semana teremos um panorama da taxa de contágio", avisa.
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O Hospital Unimed-Rio, que fica na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, informa, via assessoria de imprensa, que desde o dia 1° até esta quarta-feira registrou 87 internações de pacientes com covid-19, e que encontra-se com taxa de ocupação próxima dos 80%. Já o Hospital São Vicente de Paulo, na Tijuca, Zona Norte, afirma, também por assessoria, que, neste momento, está com 100% de ocupação dos leitos de CTI covid-19.
"Entre as recomendações para a população em geral, reforçamos que é importante manter o maior distanciamento social possível, usar máscaras e fazer a higienização constante das mãos. Medidas como testagem ampla e isolamento de casos positivos são fundamentais para garantir a segurança da população", diz em nota.
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TRANSFERINDO PARA LEITOS DE CIDADES VIZINHAS
O médico conta que uma das soluções encontradas pelas unidades de saúde é justamente contratar - ou transferir para - leitos de outras cidades. "Niterói é um exemplo. A gente tem algumas redes até do Rio que têm hospitais em Niterói. Estamos já vendo a transferência de pacientes de um hospital para outro. Niterói tem hoje 60% só de ocupação dos leitos covid. É uma cidade que tem estrutura para ajudar o Rio de Janeiro. E a gente está buscando isso e já conseguimos alguma coisa. Têm hospitais da mesma rede que estão funcionando nesse sistema", reforça.
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Graccho Alvim explica que, apesar do aumento dos casos, alguns deles estão se mostrando menos graves. "A gente até acredita que seja pelo uso da máscara, que diminui essa carga viral e a doença tem uma letalidade menor", esclarece.
INTERNAÇÕES DEMORADAS
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Como as internações são geralmente demoradas, Alvim classifica os dados como "alarmantes e preocupantes". Ele explica que, às vezes, o paciente fica duas, três ou até quatro semanas internado. Ou seja, são leitos que não ficam vagos tão rapidamente. A situação piora se nessa equação é adicionado o fato de que a taxa de contágio tem aumentado. "Assim, a gente não vai ter leito para principalmente aqueles portadores de doenças crônicas ou idosos ou aqueles com alguma deficiência ou comorbidades no geral", prevê em uma eventual piora de cenário.
Segundo o especialista, o crescimento da contaminação tem inúmeras razões. Entre elas estão a aproximação das pessoas, o fato do vírus ter agora uma transmissão muito mais fácil, o retorno para o trabalho, as festas e o desrespeito tanto às medidas de distanciamento social quanto ao uso de máscaras.
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"Isso tudo vai aumentar a taxa de contágio que, há duas semanas, estava 0.6. Agora, no início dessa semana, está em 1.3. Acredito que pode ter aumentado mais ainda. A gente não pode pensar 'Ah, tenho plano de saúde, não tem problema'. Pode ter problema, sim. Se a gente tem um colapso nessa rede, a gente não vai ter leito para todo mundo. Então, esse pensamento é infantil e está completamente equivocado", frisa o diretor.