Flordelis chegou para prestar depoimento na 3ª Vara Criminal de Niterói - Reginaldo Pimenta/Agência O DIA
Flordelis chegou para prestar depoimento na 3ª Vara Criminal de NiteróiReginaldo Pimenta/Agência O DIA
Por Yuri Eiras
Rio - O clima é quente no plenário da 3° Vara Criminal de Niterói, em mais uma audiência do caso Flordelis. A juíza Nearis Carvalho Arce ouve nesta sexta-feira cinco testemunhas do episódio de assassinato do pastor Anderson do Carmo, marido da deputada federal. Ela é acusada de ser a mandante do crime.

Durante o depoimento de Mizael, um dos filhos, o advogado de defesa da deputada, Anderson Rollemberg, quis mostrar um documento em seu celular que comprovaria uma movimentação bancária milionária na conta da igreja comandada pela família. A juíza pediu os papéis impressos, mas o advogado não tinha. Houve discussão. "A juíza está sendo parcial. Não está sendo imparcial, como deveria ser. E, aí, o advogado tem que se impor. Foi um bate-boca jurídico", afirmou Rollemberg na saída da audiência.

O advogado da família do pastor Anderson do Carmo, Ângelo Máximo, questionou o ato do advogado de defesa. "O nobre colega disse que exibiu o documento, mas exibiu em celular. A alegação dele de que exibiu o documento não corresponde com a verdade. Ele exibiu o celular".

Na chegada, Flordelis voltou a afirmar que não é autora do crime e que provará sua inocência. Durante os depoimentos do filho adotivo Mizael e da nora Luana Pimenta, a deputada permaneceu de cabeça baixa, e em alguns momentos balançava a cabeça negativamente.

Wagner Pimenta, o Mizael, um dos filhos adotivos da deputada federal Flordelis, disse que a mãe ordenou que o celular do pastor Anderson do Carmo fosse quebrado e lançado ao mar, dias após a morte, em junho do ano passado.

Mizael reforçou a versão de que, dias após a morte de Anderson, esteve na casa da família e que Flordelis teria escrito em um caderno: "ainda bem que quebramos o celular do Niel (apelido de Anderson) e jogamos da Ponte Rio-Niterói". Segundo Mizael, a deputada optou por escrever porque, na ocasião, a casa já estava com escutas policiais.

Flordelis falava que era uma 'anja enviada por Deus'

No depoimento, dado sem a presença dos réus - Flordelis e os filhos -, o filho adotivo da deputada disse que era comum experiências de "rituais espirituais" na casa da família, onde Flordelis anunciava ser o anjo 'Quitura' e rebatizava filhos com outros nomes. Mizael foi criado no Jacarezinho e adotado por Flordelis na adolescência. Ele é apenas um ano mais velho do que Anderson do Carmo, esposo de Flordelis e tratado como pai por Mizael. Eles foram adotados na mesma época e passaram por "batismos".

"Aconteciam experiências espirituais. Comigo, ela pediu para fechar os olhos e começou a elaborar algumas imagens, para imaginarmos pastos verdejantes, coisas do tipo. E falou naquele momento: 'a partir de hoje você é meu filho e se chama Mizael'", contou. "Ela falava que era um anjo enviado por Deus. Ela é líder espiritual e que o anjo teria o nome de 'Quitura'".