Testemunha diz que uma das filhas de Flordelis atirou em genitais de pastor
Regiane Ramos Cupti Rabello disse não se sentir segura e pediu proteção; Filha da deputada negou ter contado circunstâncias do crime
Por Bernardo Costa
Rio - A amiga da família da deputada Flordelis (PSD), Regiane Ramos Cupti Rabello, disse, em depoimento à juíza Nearis Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, nesta sexta-feira-feira, que Simone dos Santos, uma das filhas biológicas da parlamentar, atirou nos genitais e no braço do pastor Anderson do Carmo. Segundo Regiane, os outros disparos foram feitos por Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico de Flordelis e réu pelo crime. Ainda segundo a depoente, André Luiz de Oliveira, filho afetivo, e Lorrane, uma das netas da deputada, seguraram Anderson antes dos disparos serem feitos por ele "ser muito ágil". Regiane sustentou que Cristiana Silva, filha da deputada e mulher Carlos Ubiraci, outro filhos afetivo, contou à ela sobre as circunstâncias do crime, após outra pessoa, que teve o nome mantido em sigilo, ter relatado o ocorrido. Em juízo, Cristiana negou.
Quando perguntada pela juíza sobre os detalhes do caso, Regiane respondeu que Cristiana havia desabafado sobre as circunstâncias crime para ela entre setembro e outubro deste ano, porque "queria muito contar a verdade". Ainda segundo Regiane, a revelação aconteceu após a filha de Flordelis ter sofrido um acidente de carro e ter sido socorrida pela comadre.
A depoente confirmou também que orgias dentro da casa da parlamentar eram comuns. Perguntada se essas orgias envolviam crianças, Regiane negou. Ao fim do depoimento, a amiga da família da deputada pediu que o Ministério Público providenciasse uma viatura para permanecer em sua rua, pois "não se sente segura". A magistrada informou, em seguida, que Cristiana seria a próxima convocada.
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Em juízo, a pastora negou ter contado as circunstâncias do assassinato de Anderson do Carmo para Regiane. Ela, que mora na casa anexa à de Flordelis junto ao marido, disse que estava dormindo no momento do crime e sequer ouviu os tiros. Cristiana disse que passava por uma depressão e estava dormindo sob efeito de remédios.
Em seu depoimento, Cristiana contou sobre o momento em que teria tomado um suco supostamente envenenado. Segundo ela, após ter passado mal, começou a ouvir comentários na casa de que havia intenção de envenenar o pastor Anderson do Carmo. "Todos comentavam isso na casa", disse.
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Ela contou que tomou um suco que estava em uma jarra em cima do gabinete de Flordelis, na igreja que fica no bairro Mutondo. Ele disse que teria tomado o suco em 2018.
"Eu estava engasgada e tomei o suco que estava em cima da mesa dela em uma jarra. Fui para casa e comecei a me sentir mal. Uma palpitação no coração, parecia que ele iria sair pela boca. Senti o corpo gelado e muita fraqueza, parecia que eu iria desfalecer. Tive que precisar da ajuda de uma amiga para vestir", disse Cristiane, que chegou a dar entrada no Hospital de Icaraí.
Perguntada pela acusação se algum dos réus presentes haviam comentado dentro da casa de que havia um plano para envenenar o pastor Anderson, Cristiana disse que sim e apontou os nomes de Simone, Rayane Silva e Marzy Teixeira, netas e filha da deputada, respectivamente. "Depois disso, a Flordelis virou pra mim e disse: 'Por que você não me procurou?' E depois deu um ar de risinho", disse Cristiana.
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Cristiana afirmou em depoimento que a parte financeira da igreja era administrada pelo pastor Anderson do Carmo e Mizael: "Já as contas da casa passavam também pela Flordelis. Quando perguntada se algo poderia acontecer na casa sem o consentimento de Flordelis, Cristiana respondeu: "Não. Tudo que acontecia lá teria que passar por ela".