O cachorro-quente de Dona Elizete é um dos pontos turísticos do Vidigal  - Daniel Delmiro / Divulgação
O cachorro-quente de Dona Elizete é um dos pontos turísticos do Vidigal Daniel Delmiro / Divulgação
Por RAI AQUINO
Rio - Se você for ao Morro do Vidigal e não comer o cachorro-quente da Dona Elizete é o mesmo que não tiver ido à comunidade da Zona Sul do Rio. A barraquinha da vendedora de 55 anos é parada obrigatória na região e já virou até ponto turístico para quem vem de fora.
"Eu já recebi pessoas de Minas, São Paulo, Bahia, de todos os lugares do país, e até gringos", a cozinheira relembra dos tempos pré-pandemia.
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A ideia de vender cachorro-quente foi do marido, Afonso, que tem 45 anos e é motorista de aplicativo. Há dois anos, ele percebeu que a esposa fazia sucesso com o lanche feito por ela e servido nos aniversários dos filhos dos vizinhos. Foi ele também quem construiu a barraca que Dona Elizete usa para vender suas guloseimas.
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"Ele pesquisou na Internet e disse que eu iria ter que ajudá-lo. Ficou vendendo por uns três meses, mas como em todo o verão ele vende gelo na praia, fiquei sozinha, até que chamei meu primo para trabalhar comigo... tem o isopor com bebida e mulher sozinha não dá", conta.
MAIS UMA BARRACA
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O dogão de Dona Elizete fez tanto sucesso que o marido construiu outra barraca para que ela também vendesse hambúrguer, ainda no Vidigal. As duas ficavam na entrada da comunidade, região em que ela mora. Ela cuidando do cachorro-quente e o primo, Robson, do hambúrguer.
Mas veio a pandemia, e a vendedora teve que recolher as duas barracas por causa da quarentena. Com a reabertura gradual da economia, ela voltou com a de cachorro-quente, a única na rua até o momento. Quem toma conta dela é o primo, já que apesar dos 54 anos, Dona Elizete foi recomendada pelos médicos a ficar em casa por causa de alguns problemas de saúde. 
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"Eu faço toda a produção do cachorro-quente em casa e meu primo leva tudo pronto e fica lá. As vendas estão muito fracas, só vende um pouquinho mais quando tem evento no Vidigal, mas do contrário, vende-se muito pouco", lamenta.
MAIS UM TRABALHO MANUAL
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Quando começou a quarentena, a vendedora foi atrás de outra atividade para poder ocupar a cabeça e também garantir uma renda para a família. Foi quando ela começou a fazer artesanato.
"Aprendi tudo vendo vídeos na Internet, já que não tinha nenhum curso aberto e também porque estou com medo de sair de casa. Hoje, pinto garrafas, latas de leite em pó e até do milho verde do cachorro-quente. Lavo tudo e pinto, mas infelizmente as pessoas não dão muito valor", avalia.
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A vendedora projetava voltar para sua barraquinha em dezembro, mas vai esperar notícias mais certeiras da vacina contra a covid-19 para retornar às ruas. Ela conta que perdeu parentes próximos para a doença e tem muito medo de ser infectada.
"Eu espero e tenho confiança que quando tudo voltar ao normal o meu cachorro-quente volta ao normal também, porque tenho muitos clientes. Com o movimento de agora, não tem necessidade de abrir as duas barracas porque não tem nem cliente para isso", afirma.