O novo prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirma que o principal papel da prefeitura é o de estrangular a atividade econômica que as milícias tem, impedindo que eles invistam em construções irregulares, por exemplo - atividade que tem sido muito explorada pelos paramilitares, ultimamente.
De acordo com investigações da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), a maior organização de milicianos ainda é a comandada por Wellington da Silva Braga, o Ecko. Ele é o responsável por ordenar a cobrança de taxas de extorsão sobre serviços como gás, transporte e segurança, e vários bairros da Zona Oeste, principalmente Santa Cruz e Campo Grande.
Ainda segundo Polícia Civil, outro líder de grupo paramilitar é Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho. Ele controla a região de Jacarepaguá, no Morro da Barão, Praça Seca, Chacrinha, Fubá, Jordão e do Campinho. Macaquinho chefia a organização junto com Diego Luccas Pereira, o Playboy, e o irmão Leonardo, conhecido como Leleu, de acordo com informações da Draco.
O terceiro maior grupo de milicianos do Rio atua na Zona Norte. O delegado William Pena, titular da especializada, informou que a organização que age no bairro de Pilares é comandada por Marcos Antônio Figueiredo Martins, o Marquinhos Catiri.
"No geral, pensamos sempre em segurança pública como polícia, ações policiais armadas, e esquecemos de uma série de contribuições que podem ser dadas pelas demais entidades municipais e federais. A prefeitura pode vir a fazer muitas coisas em relação a atuação das milícias. A primeira delas diz respeito a supervisão e controle de uma série de atividades, que hoje estão sendo controladas pelas milícias nos territórios que elas dominam e que seriam, em tese, atribuições da prefeitura", explicou o especialista em segurança pública João Trajano.
Trajano destaca que as milícias atuam comercializando serviços de bens de consumo, como água, transporte, que são de responsabilidade de fiscalização do município, assim como outros serviços privados, como gás, internet, tv a cabo e construção civil. Segundo ele, se a Prefeitura realizasse um mapeamento dessa atuação dos criminosos nos bairros, ela poderia auxiliar o trabalho de inteligência das polícias.
"A prefeitura, por ela ser o poder mais próximo das comunidades, dos bairros que lidam com essas atividades criminosas no seu cotidiano, ela tem como apurar e interferir nos negócios clandestinos desses criminosos. Poderia produzir informações para o poder estadual, para a inteligência dos órgãos competentes, para aí sim eles investigarem e terem um controle maior oficial do volume de recursos movimentados por esses grupos, e poder atuar de forma repressiva", concluiu.
"Existe uma questão do crime propriamente dito, cometido pela milícia, mas existe também a fiscalização da prefeitura que, normalmente, não faz essa função. São serviços que acabam sendo diminuídos ou não oferecidos por conta do risco ao próprio pessoal da prefeitura ou aqueles que tem concessão para trabalhar com determinada atividade, como companhia elétrica", finalizou.