Hospital de Campanha do Maracanã é uma das unidades que tiveram funcionários sem receber os vencimentos - Luciano Belford
Hospital de Campanha do Maracanã é uma das unidades que tiveram funcionários sem receber os vencimentosLuciano Belford
Por Bruno Gentile*
Rio - Enquanto a quantidade de casos e mortes por conta da pandemia da covid-19 aumenta nesses últimos dias no Rio, outra preocupação atinge os profissionais da saúde que tanto trabalham na linha de frente do combate ao novo coronavírus. Muitos funcionários da área estão com problemas de recebimento de salários por parte das autoridades responsáveis, inclusive, alguns estão há meses sem seus vencimentos. É o caso, por exemplo, da técnica de enfermagem Simone Guedes, que dava plantão no Hospital de Campanha do Maracanã.
"Queria reforçar a minha indignação com o descaso pela Saúde. Se há pouco tempo fomos chamados de heróis por estar lutando na linha de frente, hoje somos os humilhados da vez. Só gostaria de saber qual a dificuldade em efetuar os pagamentos, que são nossos por direito. Aqui, todo mundo tem família e precisa ganhar salário para poder se sustentar e cuidar dos entes mais próximos. Essa situação merece ser olhada com mais carinho", desabafa ela.
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Quem também sofre com esse problema é o condutor socorrista Thiago Gomes Camargo, que trabalhou para o OZZ Saúde durante o ápice da pandemia. Ele relata como tem sido difícil ficar sem os seus direitos e pede ajuda de alguns setores sociais para expor a situação.
"Nós fomos mandados embora e nem sequer recebemos aquilo que é nosso. Isso vem acontecendo com bastante gente. Por isso, eu peço a ajuda das autoridades, da mídia e até dos políticos que têm poder e influência para nos auxiliar. Tenho aluguel que está atrasado, pensão e despesas familiares, além dos meus filhos que preciso cuidar. Eu me especializo, enfrento todos os tipos de perigo, violência, covid-19, e mesmo assim, tenho que passar por isso. É bem complicado", relatou o socorrista.
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Colega de profissão de Simone, a também técnica de enfermagem Elisângela, que atendia no Hospital de Anchieta, não se conforma com o transtorno de ter de esperar uma solução para receber os vencimentos. Ela afirma que está sem salário há cerca de oito meses e não vê perspectiva de melhora.
"Estou desde abril até hoje sem receber, mesmo tendo trabalhado na linha frente do combate à covid-19. Minha família e amigos correram risco de vida por estar em contato comigo enquanto eu ia ao hospital, tive que ficar afastada dos meus entes queridos e nem sequer tive meus vencimentos. Ninguém resolve nada. Onde está o meu salário?”, finalizou.
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A Secretaria de Estado de Saúde do Rio (SES-RJ) foi procurada pela reportagem do O DIA, mas não havia se posicionado até a publicação desta matéria 
*Estagiário sob supervisão de Thiago Antunes