UPA da Penha tem sala de espera lotada e pouco distanciamento - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
UPA da Penha tem sala de espera lotada e pouco distanciamentoReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por Yuri Eiras
Rio - O Rio ultrapassou a cidade de São Paulo em número de mortes diárias por coronavírus, se considerada as duas últimas semanas. O alerta foi publicado pela Fiocruz na terça-feira, em nota técnica do grupo de pesquisa 'Monitora Covid-19'. Segundo o estudo, a capital carioca tem média de 60 mortes diárias contra 35 em São Paulo, nos últimos 14 dias.
O estado de São Paulo recuou esta semana da bandeira verde para a amarela, endurecendo as medidas de flexibilização, como redução no horário de funcionamento do comércio. No Rio, a pressão é grande por parte das instituições que estudam a pandemia. O Comitê Científico, que dialoga com a Prefeitura, já sugeriu ações mais enérgicas, assim como Fiocruz, UFRJ e e Ministério Público do Rio (MPRJ). Mas estado e municipal ainda não anunciaram qualquer medida. A Secretaria Municipal de Saúde informou que "a prefeitura espera alinhar com o governo do estado e então informará" se vai adotar as recomendações.
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Em números absolutos, a capital paulistana tem 14.008 óbitos, e o Rio 13.405. A Fiocruz ressalta, no entanto, que "São Paulo, que sempre apresentou os piores índices da doença, aparece agora em segundo lugar".
"O número de óbitos do Rio de Janeiro nas duas últimas semanas (contando retroativamente da data de publicação da nota técnica) foi maior que o da cidade de São Paulo. No período mencionado o Rio teve 60 óbitos e a cidade de São Paulo teve 35. Neste período, esses números apresentaram um comportamento um pouco diferentes do restante da pandemia, quando São Paulo teve quase sempre um número maior de óbitos", explicou a pesquisadora Mônica Magalhães, do grupo Monitora Covid-19.
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Gráfico mostra que Rio ultrapassou São Paulo na média de mortes nos últimos 15 dias - DIVULGAÇÃO MonitoraCovid-19/Fiocruz
Gráfico mostra que Rio ultrapassou São Paulo na média de mortes nos últimos 15 diasDIVULGAÇÃO MonitoraCovid-19/Fiocruz
Em reunião com Prefeitura, redes particulares tratam como 'cenário de pressão'
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Na quarta-feira, o Comitê Científico fez uma reunião com a Prefeitura para sugerir medidas mais enérgicas no combate à Covid-19. A ata, publicada no Diário Oficial, descreve que um representante da Unimed disse, durante o encontro, "que o cenário em sua rede de unidades é de grande pressão, com número de atendimentos maior que os registrados em abril e maio deste ano", além de "grande demanda por internações de clínica médica e UTI SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave)". O representante da Rede D'Or afirmou no encontro que "em sua rede, houve um aumento nas últimas quatro semanas, inicialmente em pacientes menos graves e atualmente pacientes mais graves".
O Comitê Científico sugeriu à Prefeitura que adote algumas medidas de restrição, como: vedar a permanência na areia da praia e o banho de mar, além de proibir a prática de atividades esportivas individuais e coletivas; escolas e creches municipais e conveniadas fechadas; restringir o horário de funcionamento de bares e restaurantes até às 22h; vedar pistas de dança; fiscalizar e diminuir a lotação de ônibus, BRT e VLT para até 50% da capacidade, mantendo em uso toda a frota de ônibus.
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Defensora pública alerta: restringir a circulação é 'questão de necessidade'
Thaísa Guerreiro, coordenadora de Saúde e Tutela Coletiva da Defensoria Pública do Rio, acompanha desde o início da pandemia casos de pessoas que tentam vagas em leitos no sistema público de saúde via ação judicial. A percepção da defensora é que as demandas têm aumentado, e muitos cariocas morrem antes de conseguir o leito. 
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"A gente tem muita dificuldade, demora-se muito até a vaga aparecer. Os entes públicos demoram para cumprir a decisão liminar exatamente pela insuficiência dos leitos de terapia intensiva. As pessoas falecem antes mesmo de serem transferidas. A gente tem uma média de 48 horas ou até mais para conseguir essa vaga", explica Thaísa. "E essas que conseguem a liminar no plantão judiciário, já estão há pelos menos três dias aguardando a transferência. Ou seja, além do tempo que aguarda para que a decisão seja cumprida, ainda há o tempo de espera na unidade". Nós precisamos, é questão de necessidade, da adoção de medidas restritivas".
Testagem em massa
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A Secretaria de Estado de Saúde (SES) vai iniciar o programa de ampliação de testagem para Covid-19, nesta sexta-feira. O agendamento começa nesta quinta-feira por meio do aplicativo Dados do Bem. Inicialmente, os testes serão realizados em três unidades de saúde: no Hospital Estadual Alberto Torres e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Colubandê, em São Gonçalo; e no Hospital Regional do Médio Paraíba Dra. Zilda Arns, em Volta Redonda. A capacidade total será para 1.500 exames por dia.