Flordelis durante audiência em Niterói - Estefan Radovicz /Agência O Dia
Flordelis durante audiência em NiteróiEstefan Radovicz /Agência O Dia
Por Yuri Eiras
Rio - Érica dos Santos, uma das filhas adotivas de Flordelis, afirmou à juíza da 3ª Vara Criminal de Niterói ter sido queimada com um ferro de passar por dois irmãos, em um dos muitos episódios de agressões que ocorriam na casa da deputada federal, segundo o relato da testemunha. O caso ocorreu há cerca de cinco anos. Segundo Érica, Flordelis fazia vista grossa às agressões dos filhos mais velhos. O depoimento foi dado na última sexta-feira (11), na quarta etapa de audiências do caso do assassinato do pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019.
Érica afirmou que os castigos eram para "corrigir" determinados comportamentos dos filhos. As agressões, segundo ela, eram constantes durante o tempo em que esteve na casa, e com o aval de Flordelis e do marido. "Tive uma briga com a Julia (outra moradora da casa). O André e o Carlos (filhos mais velhos de Flordelis) não gostaram da nossa briga e me queimaram com o ferro de passar. Tinha 19 anos e tenho a cicatriz até hoje", relatou Érica, que deixou a casa depois do episódio. André e Carlos estão atualmente presos, acusados de participação na trama que resultou no assassinato do pastor Anderson, marido de Flordelis.
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"Anderson e Flordelis perguntaram para o André e para o Carlos o motivo (da agressão com o ferro de passar). Disseram que fizeram isso para corrigir. Para Flordelis, tanto faz, tanto fez. A gente sempre apanhou de vassoura, fio. Se os filhos não fizessem o que ela mandava, apanhavam, ou ficavam de castigo".
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Neto de Flordelis teria tentado limpar a cena do crime
Em outro depoimento dado durante audiência, Daiana Freire, outra filha afetiva de Flordelis, afirmou ter visto um morador da casa tentando limpar o chão do local onde Anderson do Carmo foi assassinato. O morador seria Ramon, filho de Simone e neto biológico de Flordelis. 
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"Quando cheguei na casa, vi as pessoas gritando com o Ramon: 'não limpa, isso é cena de crime'. Ele estava tentando recolher cápsula e limpando o sangue. Ele disse que ia 'limpar o leite derramado'", afirmou Daiana. 
Além de Ramon, sua mãe Simone também foi algumas vezes citada como personagem importante na trama do assassinato. Vivian da Silva, uma fiel da igreja onde Flordelis e Anderson pregavam, reafirmou em depoimento a versão de que Simone, que é filha biológica de Flordelis, participou diretamente da execução, atirando nos órgãos genitais do pastor. Anderson namorou Simone antes de casar com Flordelis.
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O pai biológico do pastor Anderson do Carmo foi testemunha de defesa da deputada federal Flordelis - Estefan Radovicz /Agência O Dia
O pai biológico do pastor Anderson do Carmo foi testemunha de defesa da deputada federal FlordelisEstefan Radovicz /Agência O Dia
Filhas afetivas eram consideradas 'lixo'
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Daiana, que é de uma das gerações mais velhas de filhos adotivos, afirmou que Flordelis considerava ela e as irmãs adotadas como "lixo" depois que Simone, a filha biológica, cresceu.
"Éramos uma família pobre, normal. O que um comia, o outro comia. Mas tudo mudou depois que ela entrou para a MK (gravadora gospel), para o mundo gospel. Começou a ter distinção. É difícil você não ter o olhar da pessoa que você considera mãe. A gente não tinha o carinho porque ela espraguejava muito, dizia que seríamos 'piranhas'. A gente começou a ver que Simone era a preferida. Ela dizia para ela não ficar perto da gente porque a gente era considerado lixo", afirmou Daiana.
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Flordelis, deputada federal pelo PSD-RJ, tem imunidade parlamentar e, por isso, segue em liberdade, apesar de estar usando uma tornozeleira eletrônica desde 8 de setembro. A deputada é acusada de ter mandado matar o marido. Ela nega as acusações.