Delegado aposentado Fernando Moraes ao lado do atual prefeito Marcello Crivella, em 2016 - Reprodução do Facebook
Delegado aposentado Fernando Moraes ao lado do atual prefeito Marcello Crivella, em 2016Reprodução do Facebook
Por O Dia
Rio - A desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita, da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, decidiu pela manutenção da prisão do empresário Adenor Gonçalves e do ex-delegado de polícia Fernando Moraes. Ambos participaram da audiência de custódia por videoconferência e um dia depois dos demais porque estão com suspeita de covid-19.
Internados no Hospital Hamilton Agostinho de Castro, no complexo de presídios de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, Adenor e Fernando Moraes foram levados até as salas de videoconferência do complexo e tiveram a companhia de seus advogados. Ao serem questionados pela magistrada sobre a regularidade durante o cumprimento dos mandados de prisão, os dois afirmaram que não houve excessos e que não sofreram violação a integridade física e psicológica.
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O empresário Adenor Gonçalves disse ter certeza de que ficará provada sua inocência no decorrer do processo. Já o ex-delegado Fernando Moraes afirmou não conhecer nenhuma das pessoas relacionadas na denúncia do Ministério Público estadual.
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), todos as seis pessoas presas durante operação da Polícia Civil, realizada nessa terça-feira (22), ingressaram no presídio José Frederico Marques, em Benfica, na noite de ontem, e já foram transferidas para outras unidades, cumprindo as decisões judiciais". No entanto, Marcelo Bezerra Crivella deixou a unidade prisional após a Seap receber a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com o alvará de soltura do mesmo".
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Investigação começou com delação premiada de doleiro
A investigação teve como ponto de partida a delação premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso na Operação Câmbio Desligo, um dos desdobramentos da Lava Jato fluminense, realizada em maio de 2018. Veio dele a expressão QG da Propina para se referir ao esquema, que teria como operador Rafael Alves, homem forte da prefeitura apesar de não ter cargo oficial. Ele é irmão do ex-presidente da Riotur, Marcelo Alves, exonerado do cargo em março de 2020 a pedido dele próprio.
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O suposto QG funcionaria assim, de acordo com o delator: empresas interessadas em trabalhar para o Executivo carioca entregavam cheques a Rafael, que faria a ponte com a prefeitura para encaminhar os contratos. O esquema também funcionaria no caso de empresas com as quais o município tinha dívidas - aqui, o operador mediaria o pagamento. As propinas seriam negociadas em uma sala na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, sede da Riotur.
Investigação de promotores do Gaocrim (Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça) aponta que Alves, que não possui cargo na administração municipal, exigia que fosse consultado antes de mudanças de cargos. A influência dele também poderia ser vista em licitações e pagamentos a fornecedores.