Hospital Federal do Andaraí - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Hospital Federal do AndaraíDaniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por Luísa Bertola*
Rio - As emergências do hospitais federais do Rio de Janeiro estão sendo esvaziadas e fechadas, segundo relatos de funcionários. Em entrevista ao DIA, Christiane Gerardo, enfermeira do Hospital Cardoso Fontes e diretora do Sindsprev, relatou que os contratos dos servidores se encerram a partir de 31 de dezembro. 

Christiane contou que o governo federal trabalha com os contratos de funcionários e que, em 2019, chegaram a realizar um estudo para discutir o redirecionamento de quantos funcionários precisariam ser contratados. O levantamento apontou a necessidade de novos 8.442 servidores. De acordo com ela, esse numero previa a substituição dos contratos temporários de 4.117 funcionários.
Porém, segundo Christiane, em um processo seletivo, em julho, para recontratar esses servidores, mais de 3 mil não passaram. "Funcionários que trabalham há mais de 15 anos nas unidades não foram considerados habilitados", afirmou. 

"Uma médica que trabalha há 28 anos no Hospital Federal do Andaraí se inscreveu e não passou porque foi considerada 'não habilitada', enquanto seu residente passou. Que processo seletivo é esse?", questionou ela.

Christine ainda relatou um sucateamento das unidades e que dos 27 enfermeiros que atuam na emergência do Cardoso Fontes, apenas dois são efetivos. Os outros 25 não tiveram os contratos renovados.
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"A rede de saúde federal do Rio de Janeiro está entrando em colapso e vai morrer gente. É uma política para matar gente", afirma ela.

Ainda segundo a diretora do Sindsprev, o Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, atualmente, atende 17 pacientes de covid-19 em estado grave, em um local que funciona para atender cinco pessoas. No plantão desta sexta-feira, de 25 médicos, apenas dois atuaram no plantão.

"Uma única médica fechou o plantão. Dezessete pacientes graves com covid-19 grave sob sua responsabilidade. Sozinha. Ela acabou o plantão chorando", contou Christiane.
A diretora do Sindsprev ainda falou sobre a situação do INCA 1, que no local programado para atender quatro pacientes, funcionários precisam atender sete, com condições precárias e ar-condicionado quebrado.
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"Por falta de processo seletivo, a emergência do INCA 4 fechou por falta de médicos, todos os pacientes em cuidados paliativo, que precisassem de cuidados emergenciais deveriam ir para o INCA 1, que já está superlotada", contou. 
"O Ministério da Saúde, pelas ações inconsequentes que estão tomando, deveriam ser interditados", declarou. 
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Procurada pelo DIA, a Superintendência Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro (SEMS/RJ) informou que pacientes que estavam internados na emergência do Hospital Federal do Andaraí (HFA) foram remanejados para os andares da unidade devido a grande quantidade de casos de covid-19.
"O objetivo é evitar a ampliação do contágio e garantir a qualidade e a segurança no atendimento dos usuários que não estão com coronavírus", afirmou a SEMS. 
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Já no Hospital Federal de Bonsucesso, no prédio 1, onde houve o incêndio no dia 27/10 e funcionavam além da emergência, cirurgias de alta complexidade, enfermarias, hemodiálise e exames de imagens, o local permanece fechado para reforma após um incêndio atingir a unidade de saúde.
Em nota enviada ao DIA nesta segunda-feira (28), o Inca informou que o fluxo de pacientes na unidade da Praça da Cruz Vermelha está normalizado. Confira a íntegra: 
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"O Instituto Nacional de Câncer (INCA) esclarece que o fluxo de pacientes atendidos e em atendimento no Serviço de Pronto Atendimento do Hospital do Câncer 1, na Praça Cruz Vermelha, está normalizado. O número de vagas disponíveis varia diariamente, porém, todos os pacientes que procuram esta seção recebem o atendimento necessário e de acordo com o tratamento já em andamento.

O INCA informa ainda que o aparelho de ar condicionado dessa seção está funcionando regularmente. Uma equipe do setor de manutenção vai checar se houve alguma interrupção pontual. Vale ressaltar que todos os equipamentos de ar condicionado do Instituto recebem manutenção constantemente.

O Hospital do Câncer IV, dedicado aos cuidados paliativos, é responsável pelo atendimento integral aos pacientes encaminhados de todas as unidades do INCA com a neoplasia em estágio avançado e sem possibilidades atuais de cura.

Para priorizar tanto o atendimento ambulatorial quando o atendimento em domicílio (que seguem regras para serem cumpridos), a direção do Instituto ponderou e suspendeu, temporariamente no mês de Setembro, os atendimentos no serviço de emergência na unidade. No entanto, além de serem regularmente acompanhados pela equipe do HCIV - em seus processos assistenciais -, os pacientes são orientados que em casos emergenciais podem procurar os serviços das outras unidades do Instituto. O INCA esclarece ainda que todos os pacientes da unidade IV recebem suporte de equipe técnica especializada para o conforto, controle de sintomas e bem-estar em todos os estágios de atendimento."
*Estagiária sob supervisão de Cadu Bruno