Ao redor do local, na Zona Portuária da capital fluminense, o que se vê é um show de irregularidades aos olhos de todos. Sem temer pela fiscalização, motoristas e assediadores oferecem viagens em seus carros particulares e garantem: quem escolhe o destino final é o passageiro.
"A gente está aqui para oferecer o melhor transporte para o passageiro viajar com todo o conforto. Como essas cidades estão com restrições, a gente entra por ter moradia fixa. Quem quer entrar nessas cidades que estão com restrições, só com a gente. Caso contrário, serão barradas", garante um motorista, ao oferecer uma viagem para a equipe do DIA.
Os valores variam de acordo com o destino final. Para a Região dos Lagos, por exemplo, os preços vão de R$ 30 até R$ 50. Quem quer ir para as cidades da Costa Verde como Angra e Paraty, precisam desembolsar um pouco mais, entre R$ 60 e R$ 80. Para enganar a fiscalização, os motoristas alegam que estão trabalhando com aplicativos de de caronas. Um posto de combustível ao lado do terminal do VLT é o ponto de embarque.
Há motoristas que oferecem pacotes familiares, mas os valores precisam ser combinados antes da viagem.
"Aluns motoristas colocam preços fixos, entre R$ 250 e R$ 350. Depende do destino final. Eles procuram dizer que, além do conforto do carro, a viagem será muito mais rápida. A gente decidiu fazer a viagem porque quer entrar na cidade sem ter problema no bloqueio. Vamos tentar e acreditamos que vai dar certo", diz um casal de namorados que estava com viagem marcada para Búzios.
Os carros ficam em dois estacionamentos ao lado da rodoviária. Assim como qualquer máfia, o bando do transporte irregular impõe suas próprias regras. Há motorista que só podem levar passageiros para a Região dos Lagos. Outros, para o Sul do Estado. Para a Região Serrana, apenas com pacotes fechados.
A irregularidade dos transportes ilegais vai além do risco de vida para os passageiros. Os motoristas não são cadastrados em órgãos responsáveis por transportes de passageiros. E os proprietários não oferecem seguros em caso de acidentes automobilísticos.
DETRO INTENSIFICA FISCALIZAÇÃO
Nesta terça, agentes do Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro) realizaram a operação 'Réveillon'. O objetivo é coibir o transporte de passageiros sem autorização do poder concedente, durante a saída para o feriado.
A operação, que está em seu segundo dia consecutivo, foi realizada na Rodoviária do Rio, além das rodoviárias de Nilópolis; Nova Iguaçu, Angra dos Reis e São Gonçalo.
O órgão garante que a ação continuará ocorrendo ao longo da semana em diversos pontos da Região Metropolitana, onde há aumento na demanda de passageiros e, consequentemente, da oferta do serviço ilegal.
Além de irregular, este tipo de transporte coloca em risco a vida dos passageiros, uma vez que não existem garantias sobre as condições dos veículos, além do registro do condutor. A fiscalização conta com o apoio da Polícia Militar.
O Detro realiza ações diárias de combate ao transporte ilegal de passageiros em todo o estado. Desde janeiro, 1.587 veículos ilegais foram retirados de circulação.
CONCESSIONÁRIA DIZ QUE ALERTA PASSAGEIROS SOBRE RISCOS
Em nota, a concessionária que administra o terminal rodoviário informa que têm alertado a população quanto aos riscos do transporte clandestino oferecido no entorno da Rodoviária Rio tanto nos avisos internos, quanto nos canais de comunicação e através de campanhas de esclarecimento, como a da ABRATI.
Mesmo não tendo ingerência em relação aos problemas nos arredores, já que administra apenas a rodoviária sob regime de concessão estadual, a concessionária reivindica regularmente por meio de reuniões e ofícios providências aos órgãos públicos responsáveis para solução de todos os problemas de segurança, ordenamento urbano e, principalmente, maior fiscalização junto ao transporte irregular.
A concessionária, que têm realizado inúmeros investimentos em melhorias nas instalações e novos serviços nos últimos anos, mesmo tendo registrado queda na movimentação em função da pandemia, têm investido também em um rígido protocolo sanitário para proteção dos passageiros. do Rio.
MOVIMENTAÇÃO NAS PRINCIPAIS RODOVIÁRIAS DO PAÍS TERÁ QUEDA DE 54%
A Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (ABRATI) estima que, por conta da pandemia, a movimentação de passageiros nos principais terminais rodoviários do Brasil deve sofrer uma queda de até 54%.
No Rio, apesar da pandemia, a concessionária que administra o terminal rodoviário estima que 335 mil passageiros viajam pela Rodoviária do Rio entre o Natal e Ano Novo. O número representa queda de 50% do movimento de passageiros no mesmo período de 2019. Mais de 11 mil ônibus devem estacionar no terminal para embargue e desembargue.
Ainda segundo ABRATI, o número de embargue em capitais como Rio e São Paulo deve ser maior que o número de desembargue, por conta do cancelamento das comemorações de virada do ano.
Para conscientizar a população sobre o uso do transporte legal e seguro para os viajantes, a associação reuniu personalidades como o padre Fábio de Melo, Wesley Safadão Luísa e Tirullipa em uma campanha lançada em suas redes sociais.