
A arquiteta Daniella Cassano e o engenheiro Eduardo Melo desenvolveram atividades ao longo do ano para Enrico, de nove anos, e Pietro, de quatro. Com as férias, tiveram que pensar em mais opções para compensar a falta de passeios e o estresse das aulas online. A lista que já contava com cinema na sala, leitura, pintura, jogos de tabuleiro, brincadeiras para exercitar a imaginação, vídeo game e tarefas de casa, ganhou mais opções. As crianças também fazem biscoito, divertem-se na piscina...
"O desafio é dos grandes. Eles inventaram algumas coisas, nós outras. O vídeo game aumentou a frequência. Sempre querem novidades, mas também se viram muito bem sozinhos com seus brinquedos. O Enrico, que tanto era vidrado por computador, falou que ia tirar férias dele também. E assim fez!", conta Daniella.
Já na casa da corretora Glaucia Almeida e do gerente de contas Allyson Bressy, a pequena Lana, de quatro meses, ainda não entende bem o que se passa no mundo, mas o filho Theo, de 11 anos, tem aproveitado as férias para entrar no mundo dos livros. Com piscina e área de lazer do condomínio fechados, ele encontrou na leitura e também no teclado uma forma de se distrair além do vídeo game e do celular. E os pais buscam passeios em parques perto de casa para ele andar de skate.
"Depois que a família toda pegou covid, ele chegou a frequentar as aulas presenciais e os olhos dele brilhavam, mas voltou a ficar só em casa. Pelo tédio, Theo buscou outras formas de se divertir. Com mais tempo, pegou uma coleção de livros, toca um pouco mais o teclado. E nós buscamos descobrir lugares ao ar livre", afirma Glaucia.
E para a funcionária pública Flavia Sampaio e o analista de sistemas Bruno Figueiredo, os exercícios físicos na área livre do prédio são uma alternativa para conter a ansiedade da pequena Camila, de seis anos. Eles também liberaram por mais tempo o vídeo game e buscam jogos e brincadeiras, além de aproveitarem o início da alfabetização para fazer leituras.
"É desafiador. Quando ela tinha aula presencial, fazia várias atividades como balé, capoeira e natação. E percebemos que estava muito ansiosa e querendo comer a cada cinco minutos. Por isso a colocamos para fazer exercícios três vezes na semana, em lugar aberto, com profissional de educação física. Ela também anda de bicicleta e patins. Sempre respeitando as normas de segurança. Tentamos manter a rotina dela mesmo nas férias", explica Flavia.
Menos computador e algumas atividades ao ar livre como opção
Mesmo em um ano atípico, com aulas online e praticamente em casa, as férias escolares ainda têm a sua importância para as crianças, mesmo que a rotina não mude tanto como em outros anos. Além disso, para a pediatra Daniela Piotto, os pais precisam ficar atentos e diminuir o tempo de computador. Afinal, os filhos já ficaram mais horas na frente da tela, estudando.
"Esse período pode ser desafiador, com a possibilidade de que haja ansiedade social ou emocional, com reações físicas. Os pais podem brincar e desenvolver atividades, inclusive tarefas de casa, mas de forma lúdica para que aprendam brincando. É bom também conversar, ensinar valores, buscar perguntar se entendeu o que foi explicado. Também seria bom manter e estimular as relações delas com familiares e amigos da escola", explica a psicóloga Aline Saramago.
Para muitos pais, o período atual pode ser mais complicado por não estarem de férias como seus filhos. Mas, segundo Aline, o mais importante é a qualidade do tempo dedicado a eles.
"É possível deixar as crianças com algum tipo de atividade enquanto os pais trabalham. E também é importante que elas aprendam a ter momentos brincando sozinhas. Alguns pais se cobram muito em relação a isso, mas o importante é que o tempo seja de qualidade. Mesmo que apenas 20 minutos, mas que dê atenção e afeto, converse, brinque. Estabelecer essa rotina para deixar a criança mais segura", completa a psicóloga.