Neste sábado (6), a Cedae realizou a manutenção da ETA Guandu após registrar que a lagoa onde ocorre a captação começou a ter um grande crescimento na quantidade de algas  - Reprodução
Neste sábado (6), a Cedae realizou a manutenção da ETA Guandu após registrar que a lagoa onde ocorre a captação começou a ter um grande crescimento na quantidade de algas Reprodução
Por Lucas Mathias*
Rio - A Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu foi religada na manhã deste domingo (7), depois de passar por manutenção que teve início na noite de ontem. Durante esse período, porém, o abastecimento de água da companhia foi paralisado. De acordo com o diretor-presidente da Cedae, Edes Fernandes de Oliveira, o prazo é de 48h até que a entrega da água seja normalizada para todos.
Para os imóveis que possuem reservatório, como caixas d’água ou cisternas, a preocupação será menor. Oliveira explica que esses locais provavelmente não serão afetados até que o serviço se normalize. A baixa temperatura também ajuda na recuperação do sistema, já que a população consome menos água. São os locais na ponta da rede de abastecimento, porém, que podem ser mais afetados:
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“Aqueles que a gente fala que vai demorar um pouquinho mais que 48h são lugares na extremidade da rede de abastecimento, distantes do centro de produção de Guandu. Duque de Caxias, Recreio e Santa Teresa - que além de distante é alta -, por exemplo. Mas a maioria das pessoas já está recebendo água hoje. Acreditamos que, nesta segunda-feira, quase todos os locais estarão normalizados”, afirma o diretor-presidente da Cedae.
A manutenção foi realizada porque a lagoa onde ocorre a captação da ETA Guandu começou a registrar grande crescimento na quantidade de algas. Isso é mais comum no verão: o número de algas pode aumentar de acordo com a temperatura, incidência de luz, com a água parada e nutrientes presentes nela. São as algas que produzem a substância geosmina e, por isso, é importante realizar o procedimento.
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“A operação das comportas foi feita porque o número de algas na lagoa aumentou sensivelmente. E aí a gente prefere fazer a operação para diminuir esse número de algas e evitar uma concentração de geosmina maior”, contou Edes Oliveira.
Ele explica que, para realizar o tratamento, foi aplicada argila lantânica na lagoa onde ocorre a captação da estação, para diminuir a concentração de fósforo. O fósforo serve como alimento para as algas. Diminuindo sua concentração, as algas também diminuem e, consequentemente, também a produção de geosmina. O diretor-presidente da companhia lembrou também que, já na ETA Guandu, a água também é tratada com carvão ativado.
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Concentração de geosmina em 2021
Sobre a concentração da substância geosmina na água tratada, o diretor-presidente da Cedae ressaltou que os níveis em 2021 estão “muito baixos” e não estão próximos ao que aconteceu na crise que atingiu os cariocas no início de 2020. Nem na água captada, antes do tratamento, os níveis se comparam aos do ano passado, segundo Oliveira. O nível mais alto encontrado na água, antes do tratamento, neste ano foi de 0,318 micrograma por litro (µg/l).
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“Tanto a concentração de geosmina na água bruta, quanto na água tratada, estão muito menores que no ano passado. Em 2020, tivemos um máximo de concentração de geosmina em 0,84 µg/l. Em 2021, a maior foi 0,087 µg/l. Ou seja, dez vezes menor. A concentração na água tratada está baixíssima”, afirma.
A geosmina é uma substância química produzida pela decomposição de algas que deixa a água com cheiro e gosto de terra. De acordo com a Cedae, porém, ela não faz mal à saúde. Em quantidades baixas, ela pode ser perceptível para algumas pessoas, enquanto outras podem nem notar a diferença. Oliveira conta que a substância pode ser percebida pelo olfato humano a partir da concentração de 0,005 µg/l.
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O diretor-presidente da companhia conta que não há um limite para a concentração de geosmina na água estabelecido pelo Ministério da Saúde, justamente porque ela não é prejudicial à saúde. Existe, porém, um padrão que regula a intensidade do gosto e do cheiro da água, que é também o que orienta a Cedae em relação à substância:
“Em apenas dois ou três dias furamos o padrão para intensidade de gosto e odor do Ministério da Saúde, cujo limite é nível 6. Em dois dias, verificamos esse nível em 8. Como é um padrão sensorial, algumas pessoas reclamam, outras não. Comparando com o ano passado, está muito mais baixo. Se a água estiver com gosto, mas intensidade 6, está dentro do padrão da portaria estabelecida pelo Ministério da Saúde. A gente busca reduzir o nível ao máximo para que a geosmina não cause gosto e odor na água”, finalizou Edes Oliveira.
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*Estagiário sob supervisão de Cadu Bruno