O empreendedor fez vários cursos para se especializar - Arquivo Pessoal
O empreendedor fez vários cursos para se especializarArquivo Pessoal
Por RAI AQUINO
Rio - Há mais de 40 anos na família Santos, a Oficina do Senhor José foi cuidada por José pai até 2010, quando passou para José filho. O negócio, que fica na comunidade Morro da Casa Branca, na Tijuca, Zona Norte do Rio, faz lanternagem e pintura de automóveis. Hoje, está sob o comando de José Ricardo dos Santos, de 52 anos.
"Ao longo da minha vida, eu ajudava meu pai nos finais de semana e feriados, mas queria manter meu emprego fixo. Até que eu percebi que se eu me dedicasse à oficina eu conseguiria ter uma renda melhor", conta.
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Quando decidiu a assumir o negócio, José Ricardo era estoquista em uma loja de sapatos no Shopping Iguatemi. Depois de um tempo trabalhando com o pai, que se afastou por problemas de saúde, a família se reuniu para decidir o destino do empreendimento. Como dos cinco filhos de Seu José, apenas Ricardo se interessou, ele passou a ser o responsável pelo espaço. 
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"Eu tinha vontade de ser empreendedor, mas pensava em fazer algo com comida, porque na comunidade se você fizer direitinho, dá muito certo; bota uma bebida para vender, um churrasquinho, uma musiquinha e já vira um ponto de referência", defende.
CURSOS NA MADRUGADA
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Apesar de ter acumulado experiência com o trabalho nas vezes em que ajudava o pai na oficina, o morador do Morro da Casa Branca se especializou e fez vários cursos na área. Mais recentemente, em dezembro do ano passado, ele se formou em administração.
"Comecei a me qualificar no Senai, em cursos que eram chamados de Corujão, porque aconteciam das 21h às 5h. Fiz oito cursos no total, todos voltados para essa área", relembra. "Há cinco anos, apareceu um cliente que me deu uma bolsa universitária de 70% e escolhi fazer administração para me ajudar a comandar a oficina".
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Hoje, mais de 10 anos desde que virou o responsável pelo local, José Ricardo conta que já conquistou clientes de fora da favela, que atualmente são a maioria. Ele conta que alguns deles se assustam, por exemplo, quando vão ao local e encontram uma Ferrari sendo reparada em uma favela.
"Tenho diploma, tenho tudo para mostrar para o cliente que faço um serviço bom, que fui treinado para fazer. Falo que como tenho um bom preço e o cara sabe que sou qualificado, ele traz a Ferrari aqui. Nesse momento mesmo, estou restaurando um fusca de um colecionador de carros que aluga automóveis para filmagens da Globo", diz.
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Sobre o futuro do negócio, José Ricardo pensa em expandi-lo para até ter a oportunidade contratar os freelances que chama para trabalhar com ele por demanda. A ideia é comprar algum espaço próximo para aumentar a oficina de tamanho.
"Aqui tem uma molecada que vejo na rua, que posso ser o responsável pelo primeiro emprego dela um dia. Posso contratar esses jovens para eles aprenderem uma profissão, para saber que é bom ter o seu dinheiro honestamente", conta.