Vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018Reprodução

Por Karen Rodrigues*
Rio - O Instituto Marielle Franco e a Anistia Internacional Brasil lançaram em coletiva de imprensa online, nesta sexta-feira (12), uma série de ações exigindo justiça para o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, que completa três anos, neste domingo (14). Entre as ações foi lançado um dossiê sobre a investigação do crime, um pacote legislativo e a Campanha Plantando Sementes.
O dossiê foi produzido pelo Instituto Marielle Franco com o histórico do caso, perguntas sem respostas, além da cobrança de ações por parte das autoridades para que o caso seja solucionado e seus mandantes punidos. A diretora executiva do Instituto Marielle Franco e irmã da vereadora, Anielle Franco, disse que o objetivo do dossiê é constranger as autoridades por esses anos sem respostas.
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“As investigações passaram por diversas mudanças, três anos é um tempo constrangedor para as autoridades brasileiras estarem sem respostas. O Brasil não pode ser o país de impunidade para esse tipo de crime. A gente espera constranger as autoridades pelos três anos de crime que nada foi resolvido. A gente conseguiu sistematizar esse dossiê sem respostas, é a indignação da família sem respostas”, afirmou.
O dossiê publicou quatorze perguntas essenciais para a investigação, entre as perguntas estão: “Quem mandou matar Marielle?”; “Qual a motivação do mandante do crime?”; “Por que ainda não se avançou na investigação sobre a autoria intelectual do crime?”. O dossiê ainda apresenta uma linha do tempo sobre o andamento das investigações, desde o dia 14 de março de 2018, quando aconteceu o crime contra Marielle e Anderson, até o mês de março deste ano.
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Outras ações em defesa da memória de Marielle e seu legado são a construção da estátua da vereadora e o protocolo de projetos de lei por parlamentares comprometidas com a Agenda Marielle Franco. Além disso, o instituto pretende homenagear a vereadora todos os dias 14 de março, criando o Dia de Marielle Franco. Uma homenagem também às mulheres, negras, faveladas e LGBTs.
A Anistia Internacional Brasil, ao longo desses três anos, mobilizou, por meio de uma petição, mais de um milhão de pessoas no Brasil e no mundo. As assinaturas serão entregues, junto com representantes do Instituto Marielle Franco, para o governador em exercício Cláudio Castro e para o procurador-geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Luciano Mattos, que recusaram receber as famílias de Marielle e de Anderson, nesta sexta-feira, segundo informações da Anistia Internacional.
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“Hoje a gente vai levar para o novo Governador e o novo Procurador Geral esse um milhão de assinaturas, que mandam mensagens para família de Marielle e para a família de Anderson para dizer que vocês não estão sozinhos”, disse Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil.
As duas organizações divulgaram ainda ações que serão realizadas ao longo do final da semana como forma de pressão por justiça e pela manutenção da memória e do legado de Marielle Franco para as gerações futuras.
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“Três anos que a gente pergunta quem mandou matar Marielle Franco e por quê? A gente não pode aceitar que as autoridades brasileiras não deem uma resposta sobre o assassinato de Marielle. É inadmissível até agora não ter respostas consistentes. O Brasil é o país mais perigoso para quem luta por justiça. Nós temos, ao longo desses três anos, demandado as autoridades que sejam transparentes e as autoridades respondem que esse caso é complexo, mas por que é complexo? Será que três anos não é tempo suficiente para superar essa complexidade e apresentar as respostas?”, questionou Jurema Werneck.
A mãe de Marielle Franco e advogada, Marinete Silva, relatou que compartilha a dor das mães que já perderam seus filhos, mas disse continuar com esperança para saber quem mandou matar a filha e vereadora.
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“Nenhuma mãe merece passar por isso. A dor que eu sinto é a dor de todas as mães que perderam os filhos também. É continuar com a esperança. Hoje eu conto com o mundo inteiro se juntando a nós, tenho também a minha fé que tem sido a minha base para me manter de pé. Nós estamos aqui diante de um crime que não tem como achar normal em nenhum lugar no mundo e que continuamos juntos para homenagear essa mulher que é um ícone no mundo todo e saber quem são os mandantes da morte de Marielle”.
*Estagiária sob supervisão de Gustavo Ribeiro