Uma das obras que fazem parte da exposição do Museu Bispo do RosárioAcervo / Museu Bispo do Rosário

Por O Dia
A exposição 'Arte Ponto Vital', inaugurada na última quinta-feira no Museu Bispo do Rosário, em Jacarepaguá, percorre a história da Colônia Juliano Moreira, local que funcionava como hospital psiquiátrico antes de virar museu. Os trabalhos relatam a correlação entre a arte, a psiquiatria e o desenvolvimento da luta antimanicomial.
Os artistas Antônio Bragança, Kar, Melania, Stella do Patrocínio e Arthur Bispo do Rosário apresentam por meio de fotos históricas, esculturas, vídeos e aparelhos arcaicos (como os de lobotomia) usados em pacientes da antiga instituição, a importância da arte como retomada da liberdade e narram por meio de diferentes óticas a história da casa.
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A apresentação é um compilado de obras dos artesãos do Atelier Gaia (espaço de arte, saúde, criação, formação, convivência e liberdade, vinculado ao museu, e integrado por artistas usuários da rede de saúde mental), que apresentam suas perspectivas sobre essa história.
Para a diretora do museu, Raquel Fernandes, a arte tem muitos aspectos que fazem uma ligação com a saúde mental, como possibilidade de subjetividade e que, de alguma maneira, expressa aquilo que não consegue ser colocado em palavras.
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"Acho que também a gente está vivendo esse momento da pandemia, enquanto que a questão da arte e da cultura foi o que pode nos manter ligados enquanto seres humanos, para atravessarmos momentos tão difíceis. Quando a gente faz isso na nossa exposição hoje, que é poder de alguma forma fazer com que os nossos artistas, que são portadores de saúde mental, se reconheçam como artistas, a gente também sai desse lugar de doença para poder trabalhar com o que há de positivo nas pessoas, e que amplifica muito mais as possibilidades que a gente já vem desenvolvendo com todas as estratégias de cuidado em saúde mental", afirma.
A iniciativa tem a finalidade de alcançar o maior número de pessoas, mas por causa da Covid-19 parte da mostra será apresentada de forma híbrida: uma parte física e outra virtual. A abertura de galerias no museu poderá acontecer a partir das 10h, com um grupo de, no máximo, cinco pessoas e agendamento antecipado pelo site da instituição.
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O atual espaço chamado Museu Bispo do Rosário foi inaugurado em 1924 com o nome de Colônia Psicopatas-Homens - conceito de hospital que dava assistência psiquiátrica em colônias agrícolas para abrigar pacientes tachados como incuráveis. Em 1935 surge a Colônia Juliano Moreira, que ampliou suas instalações com um novo modelo de assistência - hospital-colônia. Apenas em 1980, com a luta antimanicomial, que houve a implementação e criação de novas práticas como forma de ressocialização dessas pessoas.