Tarifa do Metrô Rio tem aumento a partir desta terça-feira
Governo do estado e concessionária acordaram um reajuste de R$ 5,00 para R$ 5,80. Crescimento de 16% ainda é menor do que o homologado pela Agetransp
Por Yuri Eiras
Rio - Os usuários do metrô devem preparar o bolso e separar um espaço a mais na carteira para as moedas. A partir desta terça-feira (11), a tarifa do MetrôRio passará para R$ 5,80, um aumento de 16% em relação aos R$ 5 anteriores. O reajuste anual será menor do que o valor de R$ 6,30, previsto no contrato e homologado pela Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Rio de Janeiro). Mas ainda assim, passageiros afirmam que o aumento de R$ 0,80 fará diferença no bolso, especialmente na crise econômica vivida por conta da pandemia.
O carioca que usa o metrô nos dias úteis - de segunda à sexta-feira - na ida e na volta para casa gastará R$ 35,20 a mais por mês. Usuários que não recebem Vale Transporte desembolsarão R$ 255,20 mensais para andar de metrô durante a semana, valor que representa aproximadamente 23% do salário mínimo vigente (R$ 1.100). É um aumento que afeta bolsos como o de Sônia Souza, de 48 anos. Desempregada há quatro meses, a moradora de Belford Roxo utiliza o metrô para entregar currículos no Centro do Rio. "É uma diferença brutal no nosso dia a dia. Não pego todo dia, mas para uma pessoa que está em busca de trabalho há quatro, ou cinco meses, como eu, fica apertado demais", reconhece.
Colegas de trabalho, os administradores Elizeu Fernandes e Adriano Sales são usuários de trem e metrô, e souberam de véspera do aumento da tarifa. "Muito provavelmente esse reajuste do metrô vai demorar para entrar no Bilhete Único. Fico na torcida para entrar logo, porque faz diferença. Fica difícil tirar do bolso", comenta Adriano. "A questão maior é a qualidade. A tarifa sobe, mas o serviço tem se deteriorado. Os horários nos dias de semana não dão vazão, a superlotação é terrível nos horários de pico", questiona Elizeu.
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Em nota, o MetrôRio informou que "apesar das dificuldades financeiras, a concessionária, além de manter os mesmos intervalos praticados no período pré-pandemia nos horários de pico, com oferta máxima da frota, adotou as melhores práticas de higienização de trens e estações". A concessionária disse ainda que "a operação segue em pleno funcionamento, tanto na linha 4 quanto nas linhas 1 e 2, em horário regular e com todas as estações abertas".
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O MetrôRio diz já acumular prejuízos de mais de R$ 650 milhões desde o início da pandemia, por conta da queda no número de usuário. Atualmente, segundo a empresa, aproximadamente 390 mil passageiros circulam por dia no metrô. Antes da pandemia, eram 900 mil por dia.
Diferença no valor 'pode fazer falta na alimentação', diz especialista
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O economista e professor Gilberto Braga avalia que o aumento, apesar de parecer pequeno, faz diferença na renda de parte da população. "Com um mês de dias úteis, representa R$ 35,20. Não deixa de ser um valor que pode fazer falta na alimentação, por exemplo. Dá para alimentar uma família, pelo menos, com arroz, feijão e alguma proteína em duas refeições. Do ponto de vista de quem paga, se for o próprio trabalhador isso pesa bastante no orçamento. Mas também pesa para o empregador que vai incluir isso no Vale Transporte", comenta Braga.
O reajuste para R$ 5,80, e não mais para R$ 6,30,como homologado pela Agetransp, foi combinado após negociações entre a concessionária e o governo do estado. Procurados, a Secretaria Estadual de Transportes e o MetrôRio afirmaram que o acordo que evitou o aumento da tarifa para R$ 6,30 não prevê, necessariamente, que o próximo reajuste, em 2022, seja para este valor. A nova tarifa será feita com base na variação do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M).
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"O governo vinha utilizando as novas linhas para tentar compensar esse valor, concedendo mais tempo para a concessionária, mas eles tem um numero para manter o equilíbrio do orçamento. Efetivamente, as perdas devem ser verdadeiras e é uma situação muito difícil. Não há dinheiro público para compensar as perdas, e a única maneira a se fazer isso é o aumento da tarifa", analisou Braga.
Tarifa de metrô do Rio será a maior entre as capitais do Brasil
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O aumento para R$ 5,80 coloca o Rio de Janeiro, a partir desta terça-feira, no topo do ranking entre as tarifas de metrô mais caras do país, ultrapassando em R$ 0,30 o valor da passagem em Brasília. O metrô será também o modal mais caro na cidade: o trem segue R$ 5, o ônibus, BRTs e vans custam R$ 4,05, e o VLT custa R$ 3,80.
Confira as tarifas de metrô das capitais do Brasil:
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Tarifa de metrô do Rio de Janeiro: R$ 5,80 Tarifa metrô de Brasília: R$ 5,50 Tarifa metrô de Belo Horizonte: R$ 4,50 Tarifa metrô de São Paulo: R$ 4,40 Tarifa metrô do Recife: R$ 4,25 Tarifa metrô de Salvador: R$ 4,10 Tarifa metrô de Fortaleza: R$ 3,60