Atos de vandalismo colocam em 'xeque' o funcionamento dos ônibus no Rio
Moradores de Copacabana, na Zona Sul, voltam a registrar depredações no transporte. Profissionais alegam que ameaças e agressões atingem saúde física e mental
Atos de vandalismo voltam a gerar prejuízo para as empresas de ônibus no Rio - Reprodução
Atos de vandalismo voltam a gerar prejuízo para as empresas de ônibus no RioReprodução
Rio - O que já não é bom, pode ficar ainda pior. As constantes ações de vandalismo nos ônibus do Rio podem colocar em xeque o funcionamento do transporte na cidade. Três dias depois das cenas lamentáveis do último domingo, moradores de Copacabana, na Zona Sul, voltaram a registrar depredações em coletivos que fazem itinerário pelo bairro.
Pelo menos dois ônibus das linhas 455 e 492 foram quebrados nesta quarta-feira (25). Frequentadores de um bar na Avenida Nossa Senhora de Copacabana registraram homens pendurados nas janelas de um dos coletivos.
Em um áudio, um fiscal da Viação Verdun reclama da falta de segurança sofrida pelos profissionais.
"Estou com motorista em estado de choque, chorando e dizendo que vai pedir demissão. Além disso, tenho três motoristas que foram agredidos e ameaçados até de morte. A gente tem que pedir mais policiamento, porque não está dando conta", diz um trecho do áudio, que completa: " A gente está em Copacabana se deslocando, a gente vê a muvuca se deslocando, grupos e grupos de banhistas, a maioria jovens e adolescentes. O policial fica distante, ele deveria estar mais perto e ajudar a colocar as pessoas no carro. Depois que tudo acontece, mandar descer não vai adiantar nada".
O que dizem os órgãos
Por meio de nota, a Rio Ônibus informou que ainda nesta quinta-feira vai "enviar ofício aos secretários de Estado da Polícia Militar, municipal de Ordem Pública e ao chefe da Guarda Municipal, reforçando a urgente necessidade da presença de agentes públicos nos pontos de frequente incidência, para garantia da preservação do patrimônio público e da integridade dos trabalhadores do setor".
O Sindicato dos Rodoviários diz que as constantes ações violentas na cidade colocam em risco a saúde física e mental dos profissionais. Desde o início do ano, cerca de 38 profissionais pediram afastamento ou troca de itinerário.
"Os profissionais não suportam mais a insegurança que ronda a categoria. Com a redução da frota, estamos vendo o retorno das depredações dos coletivos, isso em pleno inverno, imaginem quando o verão chegar", disse José Carlos, vice-presidente do sindicato.
A Polícia Militar disse que o policiamento foi intensificado nas praias da Zona Sul no último fim de semana. Ainda segundo a corporação, uma reunião realizada nesta quarta-feira definiu as linhas de ações para pôr em prática, a partir do próximo fim de semana, a antecipação da Operação Verão 2021.
"O planejamento da Operação Verão 2021 prevê o reforço no policiamento e uma maior integração com os agentes de ordenamento urbano da prefeitura, com objetivo de melhorar a segurança em toda a orla carioca. Além do reforço de efetivo para o patrulhamento nas ruas e na areia, a Polícia Militar mobilizará unidades especiais, como RECOM (Rondas Especiais e Controle de Multidões), RPMont (Regimento de Polícia Montada) e o GAM (Grupamento Aeromóvel). Há a possibilidade de emprego do BAC (Batalhão de Ações com Cães)".
A Prefeitura do Rio não se pronunciou até a publicação da matéria. O espaço segue aberto para posicionamento.
Mais de trinta ônibus depredados; moradores estão desesperados
No último fim de semana cerca de 30 ônibus foram retirados das ruas por conta de depredações. Segundo a Rio Ônibus, a violência causou um prejuízo de R$ 100 mil para as empresas do transporte. A área com maior incidente foi Copacabana.
Em grupos de Copacabana, vem aumentando a quantidade de relatos de moradores apavorados com a proporção que a violência vem alcançando no bairro, principalmente no fim do dia, quando as pessoas vão saindo da praia. Com os dias de calor intenso no Rio desde o último fim de semana, as areias têm ficado lotadas mesmo nos dias úteis.
"Começou a gritaria dos pivetes passando de ônibus aqui na Barata Ribeiro. Isso agora é todos os dias nesse horário. Estamos encurralados, pedindo socorro", publicou uma moradora da Rua Barata Ribeiro em uma rede social no fim da tarde de quarta-feira (25).
"Governador, prefeito, coloquem ordem nesses ladrões em Copacabana. Todo dia de sol, calor, é esse inferno, e o verão chegando as coisas vão piorar", suplicou outra. "Nós, moradores e turistas, não aguentamos mais. Copacabana está agonizando e vocês não fazem nada. Chega de incompetência!", acrescentou.
"Se a polícia não dá conta, tem que haver uma solução. Copacabana está parecendo a cidade do medo. Ninguém pode mais sair de casa. E tem quem ainda defenda esses ladrões e cracudos", indignou-se outro morador.
Embora os casos estejam sendo mais evidentes no fim do dia, há relatos de crimes a qualquer hora do dia. Ontem, uma moradora denunciou um assalto às 8h na Rua Santa Clara, cometido por uma mulher empurrando um carrinho de supermercado. A criminosa agrediu a vítima por ela ter se recusado a entregar o celular.
"Tentativa de assalto agora de manhã na Domingos Ferreira com Santa Clara por volta das 8h da manhã. Uma mulher empurrando um carrinho de supermercado agrediu a tia do meu filho enquanto ela estava a caminho da escola para deixá-lo. A mulher tentou arrancar a bolsa dela, queria o celular, ela não deu, então a mulher agrediu ela e arrancou os óculos de grau do seu rosto. Estou chocada, que absurdo, que abandono. Graças a Deus estão todos bem".
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